São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
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Movimento Sindical dá apoio a Ministro

FERNANDO ROSSETTI
DO ENVIADO ESPECIAL

As duas principais centrais sindicais sul-africanas apóiam, em princípio, o Programa de Reconstrução e Desenvolvimento (PRD) do governo do Congresso Nacional Africano. Mas têm críticas quanto à forma como ele está sendo implementado pelo governo.
"O programa é produto de uma consulta geral e teve origem, em particular, no movimento sindical", afirma Sam Shilowa, secretário-geral do Congresso de Sindicatos da África do Sul (Cosas) —a mesma central sindical dirigida durante oito anos pelo hoje ministro Jay Naidoo.
Representando 1,3 milhão de afiliados, o Cosas afirma que "há muita oposição ao PRD".
"O governo de união nacional (que tem ministros de acordo com a votação que cada partido obteve nas eleições de abril passado) está tendo que negociar com forças que são hostis ao programa", diz Neil Coleman, porta-voz da entidade.
"Mas o PRD envolve uma reorganização total da economia, que se opõe às grandes empresas com que o governo está conversando", acrescenta.
Outra crítica do Cosas ao governo é de que os cortes de verbas no funcionalismo público não estão levando em consideração as especificidades de cada setor.
"O programa visa, basicamente, liberar fundos para projetos socioeconômicos, mas eu não acho que vá dar frutos em todas as árvores", avalia o secretário-geral do Conselho Nacional de Sindicatos, Cunningham Ngcukana.
Para ele, "o governo ainda está falando como se estivesse em campanha eleitoral".
"Em Soweto, onde vivo, as pessoas nem sequer têm dinheiro para pagar eletricidade e outros serviços do governo, não dá para querer cobrar agora esses serviços", afirma.
Desde 1984, a maioria dos residentes de bairros "negros", como Soweto, boicotam o pagamento a eletricidade, água, aluguel, entre outras taxas estatais.
O governo tem tentado negociar a retomada do pagamento desta taxas para implantar projetos de melhoria nesses bairros.
As duas centrais sindicais também desconfiam do processo de privatização de empresas estatais.
"Não sabemos ainda o que será privatizado", diz Coleman, do Cosas.
"A pergunta é: a maioria da população sul-africana tem possibilidade de comprar essas empresas?", pergunta Ngcukana, para quem as privatizações vão favorecer empresas multinacionais.
(FR)

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