São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
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Mapa sugere expansionismo do Equador

ALBERTO KU KING M.
DA ANSA, EM LIMA

Um importante militar peruano revelou anteontem que as Forças Armadas do Equador entregaram a seus efetivos na cordilheira do Condor um mapa físico-geográfico militar que, oficialmente, expande as fronteiras equatorianas a ponto de abarcar grandes cidades peruanas na Amazônia.
Um desses mapas, compilado pelo Instituto Geográfico Militar do Equador, foi capturado por tropas de infantaria peruanas durante uma operação de "limpeza" de um pequeno destacamento militar equatoriano na região.
O mapa foi passado à "Ansa" e nele se pode observar que Iquitos, capital do estado de Loreto, em território peruano e com uma população de mais de 700 mil habitantes, estaria dentro dos limites internacionais equatorianos.
O mesmo ocorre com Jaén e o oleoduto norte-peruano através do qual o Peru transporta seu petróleo da selva até o porto de Bayovar, a 870 km de distância.
O documento tem impresso o selo do Ministério das Relações Exteriores do Equador e assinala que são "fronteiras internacionais aprovadas pelo Ministério das Relações Exteriores, mediante o acordo ministerial Nº 000272 de outubro de 1990".
O mapa também contém outro selo acompanhado por um parágrafo que diz: "Deus, Pátria e Liberdade - Secretaria Geral da Comissão Especial de Fronteiras Internas da República".
As fronteiras internacionais que o Equador considera suas abrangem, segundo o mapa, até quatro Estados peruanos.
A força armada equatoriana baseia suas fronteiras internacionais no Tratado Mosquera Pedemonte, de 1830, desconhecendo o Protocolo do Rio de Janeiro, de 1942, que resolveu as disputas sobre fronteiras que levaram à guerra entre Equador e Peru em 1941.
Segundo o militar, todos os efetivos do Exército equatoriano foram instruídos sobre a vigência do tratado de 1830 e consideram que o território equatoriano lhes permite o direito de acesso à Amazônia, assim como ao rio Mara¤ón.
O mapa equatoriano contém informações atualizadas até julho de 1991, e ao que parece foi utilizado pela parte equatoriana na disputa para discutir com as autoridades peruanas a criação de uma faixa de segurança de 20 km de largura, depois de um incidente fronteiriço ocorrido naquele ano.
Na ocasião, Equador firmou um acordo de cavalheiros com o então presidente do Conselho de Ministros e chanceler peruano, Carlos Torres y Torres Lara.

Tradução de Clara Allain

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