São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Criada a primeira universidade 100% virtual

USA Today
De Arlington

MARY BETH MARKLEIN

Os alunos da Universidade Virtual Online não poderão torcer para o time de futebol da faculdade, tomar uma cerveja com seus colegas ou bater um papo frente a frente com um professor. Mas terão o ensino ao alcance dos dedos.
A oferta de cursos universitários on-line não é novidade, mas a maioria é oferecida por universidades já existentes.
Mas a VOU (Universidades Virtuais Online, em inglês), criada no ano passado por um grupo de educadores que se conheceram na Internet, será "a primeira escola 100% virtual", diz seu co-fundador Robert Donnelly, especialista em multimídia do Mira Costa College, da Califórnia.
"As universidades desperdiçam muita energia construindo estacionamentos e patrocinando times de futebol americano", diz o co-fundador da VOU William Painter Jr., que este ano está lecionando história na Universidade Central do Arkansas, em Conway.
Ele conta que a idéia da VOU surgiu em parte devido a sua "insatisfação total com a incapacidade das faculdades de fazerem o que deveriam fazer: ensinar os alunos a pensar".
O primeiro semestre de aulas na VOU deve começar neste outono. Sob alguns aspectos ela será semelhante às escolas tradicionais.
O currículo de artes liberais dará ênfase a redação, literatura e pensamento crítico. Os cursos vão envolver reuniões regulares e incluir uma combinação de leituras, exames e pesquisas. Os alunos deverão pagar entre US$ 300 e US$ 400 por curso.
A idéia de Painter e Donnelly é que a VOU chegue às pessoas que têm dificuldade em cursar uma faculdade tradicional —pessoas de poucos recursos financeiros, que tenham deficiências físicas, que trabalhem em tempo integral ou que morem em regiões distantes.
A escola se comprometeu a oferecer cursos a penitenciárias e centros de reabilitação, e espera conseguir uma concessão para lecionar em reservas indígenas.
Mais de 3.500 pessoas já comunicaram por computador seu interesse pelo projeto, entre potenciais alunos e professores. Os candidatos a professores já lecionam na Universidade Purdue, no Massachusetts Institute of Technology e em escolas da Austrália e Canadá.
"Somos pioneiros", diz Stephen Hueners, de Holmen, Wisconsin, que ajudou a testar as aulas da VOU.
Os organizadores prevêem que o currículo da VOU, baseado quase exclusivamente em textos, não vai atrair todos os tipos de alunos. Mas Painter conta que as aulas-testes ministradas o convenceram de que "a falta de contato direto entre as pessoas é compensada por uma fértil troca de idéias".
Falta resolver alguns problemas logísticos, como o lapso de tempo entre o momento em que o aluno digita um comentário e sua espera por uma resposta —sem falar nos problemas de horário causados pelas diferenças de fuso horário.
Em termos acadêmicos, Painter acha que a maior dificuldade será ensinar os professores a utilizar as aulas para discussões, em lugar de aulas tradicionais.
Ainda no mês de fevereiro os organizadores da VOU pretendem realizar uma reunião de cúpula. Será a primeira vez que se encontram frente a frente. Diz Pitt: "Queremos nos conhecer de perto, só por curiosidade".

Tradução de Clara Allain

Texto Anterior: Acusações emperram diálogo
Próximo Texto: Soluções dependem dos EUA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.