São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
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Eleições no Legislativo

As eleições de José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Congresso e de Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) para a direção da Câmara eram previsíveis.
A idéia de colocar o filho do senador Antônio Carlos Magalhães na presidência da Câmara parece remontar a um acordo ainda anterior às eleições. Já o nome de Sarney para chefiar o Congresso surgiu depois e acabou contando, talvez para não se indispor com uma grande bancada, com o apoio do Planalto.
O resultado, de toda forma, é que, se o presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu indicar nomes ligados a seu partido, o PSDB, para formar a base técnica de seu governo, no plano político é inegável a prevalência do PFL e de uma ala do PMDB que em muito se assemelha à legenda de ACM.
Embora nominalmente no PMDB, partido ao qual se juntou para tornar-se vice de Tancredo Neves, José Sarney ainda conserva muitos aliados no PFL. Basta lembrar que sua filha, Roseana, foi eleita governadora do Maranhão por essa sigla. O mesmo vale para seu filho, afinal, foi por essa legenda que ele chegou à Câmara. De resto, Sarney goza de boas relações com ACM, que foi o ministro das Comunicações durante seu governo.
Cabe perguntar o que significa o predomínio do PFL e seus aliados na esfera política do governo. Por mais que a legenda de ACM seja a que, hoje, trabalha de forma mais atuante no Congresso, apresentando propostas para a reforma constitucional, parece difícil acreditar que ela tenha abandonado todas as práticas fisiológicas e clientelistas que sempre marcaram sua atuação.
E a fisiologia, o clientelismo, a troca de favores —essa política pequena que tanto mal já causou ao país— são conceitos que, como o próprio FHC prometera, seriam proscritos do atual governo. Ao que tudo indica, FHC terá dificuldade para cumprir essa promessa.

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