São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
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Lavando as mãos

Alimentos contaminados e remédios inócuos, se não tóxicos, podem ter sido vendidos à população. Empresas idôneas sofrem as consequências de acusações equivocadas das autoridades. O duplo erro de não fiscalizar oportunamente e por vezes levantar em seguida falsas suspeitas mostra a falta de responsabilidade com que age o poder público em suas funções de zelar pela segurança da população.
Quaisquer danos a terceiros causados por empresas e cidadãos devem ser rigorosamente punidos. É inaceitável que quando se trata de governos e governantes estes procurem furtar-se à responsabilidade de seus atos e omissões.
Essa falta de seriedade ocorre por todo o país, e a Prefeitura de São Paulo é um dos exemplos mais eloquentes. Depois que um cinema incendeia-se, correm os fiscais a fechar salas de projeção em toda a cidade. Após acidente em um parque de diversões, expedem-se ordens de fechar vários outros. O exagero depois dos acidentes é apenas proporcional ao prévio descaso.
Ficam fortes dúvidas se nas campanhas que se seguem aos acidentes o fechamento, que deve ser uma medida extrema, era de fato necessário. A fiscalização parece movida a tragédias. Pouco fazendo para evitá-las, procura notoriedade com ações de grande visibilidade, porém tardias e às vezes duvidosas.
No último e mais grave caso, 15 pessoas morreram e meio quarteirão foi destruído. Explodiu uma loja que vendia fogos de artifício e que, segundo o delegado que investiga o caso, guardava quantidade de pólvora muito maior do que a permitida. A falha da fiscalização da Prefeitura de São Paulo foi gravíssima. Mas o prefeito Paulo Maluf procura eximir sua administração da responsabilidade.
É inadmissível que falsas acusações e tragédias ocorram sem que ninguém seja responsabilizado. O poder público, os mandatários e funcionários envolvidos têm de prestar contas do que ocorre sob sua jurisdição. Seus erros e omissões precisam ser punidos.

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