São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
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XUXA É UMA COISA

HELOISA HELVECIA

"Queria estar perto das pessoas que falavam daquele jeito, que sentiam daquele jeito, que tinham mais compromisso com a verdade, não com as aparências, enfim... o teatro era uma busca filosófica até".
Outra busca filosófica, o curso de filosofia da PUC, perdeu para o cinema underground: Xuxa Lopes trocou o segundo ano da faculdade por um punhado de produções "lá em casa" —a maioria dos filmes na prateleira até hoje.
Antes disso, namorou quatro anos o ator Carlos Verezza e, por extensão, foi presa política por dois dias no governo Médici, "sem nada a ver".
A carreira foi acontecendo devagar. Em 80, encenou a última peça escrita por Nelson Rodrigues, "A Serpente", e virou conselheira sentimental do gênio. Ele, já velho e com dificuldade de andar, acompanhava os ensaios.
"Cada dia, na hora do intervalo, o Nelson pegava uma das atrizes (a outra era Sura Berditchevsky) para ajudá-lo a subir as escadarias do teatro Villa-Lobos. Ia telefonar para sua paixão, ficava horas no telefone, embora estivesse vivendo com a mulher", lembra. Depois, o dramaturgo pedia às garotas conselhos "fortes, sexuais, era uma situação louca".
Depois disso, começou sua "coisa" com o cinema mesmo e com Ana Carolina, a cineasta cujo espírito crítico até hoje ameaça a segurança da atriz, a "Teresa" do filme "Sonho de Valsa". "Ana Carolina torce o nariz para tudo que não é o universo dela, me deixa nervosa. É inteligente, maravilhosa. Nossa relação é uma coisa absurda", diz Xuxa.
O trabalho com Ana Carolina, o filho Bento (que Xuxa teve há 11 anos com o ator Claudio Marzo) e a mudança do Rio para São Paulo, em 88, foram os fatores que estabilizaram a Maria Luisa Lopes, nove anos de terapia, três terapeutas diferentes e alta prejudicada por um "incidente de transferência".
"Fiquei mais madura profissionalmente em São Paulo. No Rio, afetivo e profissional era misturado e o afetivo tinha mais importância. Aqui, me sinto livre daquele passado ligado a indecisão profissional e afetiva e que gerava dor. Para mim, indecisão não foi coisa da adolescência, durou até os 28."

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