São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995 |
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Letícia busca coerência entre as personalidades de Lara e Diana
RONI LIMA
Transmutando-se entre a santa e recatada Lara e a endiabrada e libertina Diana, a personagem de Letícia, 23, sofre do distúrbio que a psicologia chama de dupla personalidade —e a parapsicologia, de possessão espiritual. Depois de exagerar o lado explosivo de Diana, no início da trama, a atriz encontrou o ponto de equilíbrio entre as duas personalidades. Hoje, é exatamente nas passagens de uma para a outra que tem demonstrado talento e maturidade. Apesar das enormes diferenças entre Lara e Diana, a atriz enxerga uma linha de coerência entre as duas. Esta se traduz, segundo Letícia, na "rejeição ao poder escravocrata e na opção pelo lado dos mais pobres". Sua personagem é filha do rico e conservador garimpeiro Pedro Barros (Cláudio Marzo) e se apaixona pelo pobre João Coragem (Marcos Palmeira). "O amor que ela sente por ele se estende também aos oprimidos", diz a atriz. Nascida em Belo Horizonte (BH) e criada em Curitiba (PR) —onde foi descoberta há quatro anos pela Globo, quando cursava o segundo ano da faculdade de teatro—, Letícia já viveu personagens capazes de provocar inveja em muitas atrizes veteranas. Apesar de alguns escorregões —como, por exemplo, sua Salete da minissérie global "Agosto", exibida em 93— Letícia vem se consolidando como uma das melhores atrizes televisivas de sua geração. Demonstrando uma simplicidade rara nos astros globais, ela afirma que ainda tem muito a aprender e deve "trabalhar muito" as personagens Lara e Diana. "Não sou uma atriz que tenha tanta experiência para que o diretor possa chegar e dizer 'faça'. Estou tendo que correr atrás para interpretar essa personagem." "Correr atrás" significa, entre outras coisas, ensaios em palco de teatro, trabalho de relaxamento corporal, respiração, leituras de Clarice Lispector e conversas com psicólogos. Tudo alinhavado pela câmera detalhista do diretor-geral da novela, Luiz Fernando Carvalho que, segundo a atriz, "procura cada vez mais a verdade e a profundidade dos dois personagens". Responsável pela direção de Letícia em seu primeiro trabalho profissional na TV —o especial da Globo "Os Homens Querem Paz", de 1991—, Carvalho está feliz com a escolha da atriz. "Ela é sensível, inteligente e tem autocrítica suficiente para buscar um aprimoramento do seu trabalho no dia-a-dia da novela", afirma o diretor. Ao aceitar o duplo papel na novela, Letícia teve que recusar um papel no filme "O Quatrilho", de Fábio Barreto, que está sendo rodado no Rio Grande do Sul. Texto Anterior: "Melhor de Todos" erra em pergunta sobre papas Próximo Texto: Elenco elogia direção da novela Índice |
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