São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995 |
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'Você não sabe como é triste viver murada'
MAURICIO STYCER
O muro de 2,5 m de altura por 10 m de comprimento ocupa toda a extensão da frente da casa, onde antes havia uma mureta com portão de madeira, dando a impressão que os Ialongo vivem numa fortaleza militar —ou numa prisão. "Minha casa era uma bonita casa. Você não faz idéia de como estou triste de viver hoje numa casa murada", diz Angela Ialongo, 51. Para entrar ou sair de casa, que fica na rua Guaraciaba, Angela e seu marido, o gerente-comercial Giovanni Ialongo, agora precisam passar pela casa de uma filha, num terreno contíguo, que dá entrada para a rua Abaporú —onde um "portão-comporta", recém-instalado, também luta contra as águas. Nos últimos dois meses, as águas do córrego Aricanduva invadiram a casa dos Ialongo quatro vezes. Na última segunda-feira, dia da pior enchente do ano, o murão impediu a entrada água. Depois de perder inúmeros tapetes e alguns eletrodomésticos, como máquinas de lavar roupas e de costura, Angela Ialongo instalou suas geladeiras sobre mesinhas de madeira, a 40 centímetros do chão. As recentes obras anti-enchente custaram cerca de R$ 10 mil. "Já tentei vender a casa várias vezes. Ninguém quer, nem de graça. Agora, vamos enfrentar as enchentes", diz Angela. (MSy) Texto Anterior: Enchentes criam 'arquitetura do desespero' Próximo Texto: Código Penal e ética proíbem quebra do sigilo profissional Índice |
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