São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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Um mapa para as trilhas árduas do latim

WILLIAM LI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O estudo das letras clássicas (grego e latim) foi a base do ensino no Ocidente durante séculos. O latim —e às vezes o grego— era a base para o estudo da história, gramática, bem como do português, e era cultivado também como um meio de aprimoramento do raciocínio: com efeito, uma frase latina é como uma charada a ser decifrada pelo leitor.
Já faz tempo que esta disciplina —o terror dos alunos— saiu dos currículos escolares, com a extinção do curso clássico. No entanto, as maiores universidades brasileiras —tais como USP, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP), Universidade de Brasília (UnB) etc— ainda mantêm cursos desde o bacharelado até o doutorado em grego e latim.
E é para o público que quiser se iniciar no aprendizado do latim que a editora da UFMG lançou "Latina Essentia - Preparação ao Latim", de Antônio Martinez de Rezende, professor daquela universidade.
Trata-se de um manual de iniciação que se distingue por ser clara, didática, bem escrita e com vários exercícios e textos de iniciação que oferecem uma boa base para o aprendizado do idioma clássico. Além disso, ele foge aos moldes das gramáticas tradicionais usadas no passado. O livro usa técnicas modernas e é bastante acessível, oferecendo exemplos mnemônicos e bem planejados. E este manual pode ser usado também por quem quiser aprender sozinho o latim.
No livro, não há separação entre sintaxe e morfologia, elas são dadas juntas desde o início. Começa pelo uso dos casos nas duas primeiras declinações, passa ao estudo do sistema verbal, das outras três declinações e termina com o estudo dos pronomes.
O livro cobre, de fato, o "essencial" do latim e, ao final, de seu estudo já se pode enfrentar textos fáceis em latim, tais como a Bíblia Vulgata ou o De Bello Galico, de César. Há também inúmeras notas nos cantos das páginas com dicas das partes gramaticais mais importantes. Além disso, traz no final um glossário latim-português, o que dispensa a compra de um dicionário.
O livro, concebido principalmente para os alunos de letras clássicas da UFMG, pode também ser utilizado com muito proveito para os estudantes de letras em geral, pois o Ministério da Educação determina que todos os estudantes de letras tenham pelo menos um ano de latim.
Fora isso, todos sabem que, para bem falar e escrever o português, é indispensável algum conhecimento do latim. Enfim, trata-se de uma iniciativa louvável da Universidade Federal de Minas Gerais, pois oferece aos professores e estudantes um importante instrumento de estudo.

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