São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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Indústria e comércio se dizem "fortes"

MÁRCIA DE CHIARA
FÁTIMA FERNANDES

MÁRCIA DE CHIARA; FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria e o comércio brasileiro não temem, pelo menos no curto prazo, respingos da crise que afeta México e Argentina na economia do país.
"O lado real da nossa economia é mais forte do que o da Argentina e do México", diz Boris Tabacof, diretor do departamento de economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Ronald Rodrigues, diretor da Gessy Lever, reforça a tese e afirma: "O parque industrial brasileiro é mais ativo e mais moderno do que o argentino, por exemplo."
A crise mexicana começou no final de dezembro e, de lá para cá, lembra Tabacof, as indústrias não falaram em cancelar investimentos produtivos. Ao contrário, o impulso para produzir mais é forte.
O Índice do Nível de Atividade da Indústria (INA), que reflete as vendas da indústria, as horas trabalhadas, o emprego e a capacidade ocupada, entre outros itens, registrou crescimento de 21,1% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano anterior. Em julho de 1994, o acréscimo não passava de 0,6% sobre o mesmo mês de 1993.
No comércio, a situação não é diferente. Por quatro meses consecutivos, de agosto a dezembro do ano passado, o faturamento real das lojas na Região Metropolitana de São Paulo superou os mesmos meses de 1990.
É exatamente para esse potencial de crescimento do mercado que as empresas olham quando pretendem investir, diz Flávio Nolasco, economista-chefe da Brasilpar, empresa de consultoria.
"No caso brasileiro, essa demanda é sustentável. E as empresas que não investirem agora ficarão fora desse mercado", afirma.
Só com a estabilização da economia, desde julho, 70% das vendas do comércio, antes à vista, passaram a ser pelo crediário, apesar da alta taxa de juros, diz Oiram Correa, diretor da Divisão de Estudos Econômicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP).
Com isso, foi incorporada ao mercado consumidor parte da população que não sonhava poder comprar uma geladeira, um fogão ou um televisor.
Segundo Nolasco, a economia iniciou um novo ciclo de crescimento no final de 1992 e o Plano Real acelerou esse processo.
O que confirma esse novo ciclo, na opinião de Nolasco, é o aumento na produção da indústria de bens intermediários de base (metalúrgica, minerais não metálicos, entre outras).
O economista Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos), concorda com Nolasco.
Também para ele a economia estaria num novo ciclo de crescimento iniciado no final de 1992.
"A nossa economia tem uma inércia de crescimento que deve durar até o final deste semestre." A partir do segundo semestre, diz Mendonça, o quadro pode mudar.

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