São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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México intervém em banco

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

A Comissão Nacional Bancária do México decretou anteontem intervenção administrativa em um dos maiores bancos estatais do país, o Banpaís.
O motivo alegado pelo Ministério da Fazenda foi a falta de liquidez, que, segundo Eduardo Fernandez, presidente da Comissão Nacional Bancária, põe em risco a saúde financeira e as operações da instituição.
Ele disse na sexta-feira que a intervenção não deve ser motivo de preocupação, pois "não afetará o interesse do público".
A intervenção vale também para as instituições financeiras e seguradoras da rede Asemex (Asseguradora Mexicana) que junto com o Banpaís forma um dos mais importantes conglomerados financeiros mexicanos.
O Banpaís conta com ativos da ordem de US$ 5,5 bilhões e tem mais de US$ 3 bilhões em depósitos e aplicações.
Com a alta das taxas de juros —49% para títulos do Tesouro— muitas empresas mexicanas estão impossibilitadas de saldar seus compromissos junto aos bancos, o que poderá colocar outras instituições em risco.
A intervenção da Asemex-Banpaís não foi surpresa para o mercado financeiro, pois já era conhecida a situação delicada do grupo.
A carteira vencida do Banpaís —total de dívidas não pagas— aumentou 167,6% no ano de 94, superando a casa dos US$ 250 milhões.
No México, a carteira vencida dos bancos já soma US$ 10 bilhões e pode dobrar nos próximos meses, caso os juros se mantenham nos patamares atuais.
Segundo o jornal "Reforma", o governo vai tomar medidas urgentes para privatizar o Banpaís.
Até agora, segundo funcionários do Ministério da Fazenda, não há nenhum indício que incrimine a direção do banco e implique em processo penal, mas as investigações estão em estágio inicial.

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