São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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Foi possível falir

DEMIAN FIOCCA

A insolvência do secular banco Barings expõe a debilidade bancária criada pela desregulamentação financeira.
As reduções de impostos e gastos sociais de Reagan e Thatcher, nos anos 80, e as privatizações latino-americanas, nos anos 90, ajudaram a sustentar o "boom" especulativo que terminou com a crise do México. Crescia a tolerância dos governos a operações arriscadas e isentas de controle.
Assim como qualquer banco baseia sua decisão de emprestar na atividade de quem pede emprestado, os bancos centrais também precisam "olhar por sobre os ombros" dos bancos que operam em seu país. Se o sistema é frágil, erros particulares podem pô-lo em risco.
No caso do Barings, a bancarrota evitou a socialização de prejuízos. Mas isso nem sempre ocorre. O Banespa não pode quebrar. Os maiores bancos privados tampouco poderiam. Nenhum governo diz "quebre" aos controladores de uma usina atômica que abasteça uma grande cidade. O prejuízo de socorrê-los tende a ser menor do que o dano de deixá-los falir.
Como a incompetência e a fraude privadas podem criar situações em que o dano ao interesse público é inescapável, o Estado tem de exercer poderes regulatórios permanentes antes e não depois das crises.

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