São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Agricultor prefere ser vigia em Pequim ao campo

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Há cinco anos, Li Renbao, 65, decidiu trocar a vida rural na Província de Henan pela agitação urbana de Pequim, a capital chinesa.
Veio estimulado pelos três filhos que já viviam na capital e colecionavam uma renda suficiente para pequenos experimentos no mundo do consumo.
No interior, plantávamos trigo, arroz e só conseguíamos o dinheiro para sobreviver, lembra Li.
Ele preferiu os 340 yuans (cerca de US$ 40) que ganha como vigia na Universidade de Pequim. Além do salário, ele conta com um quartinho de 4 m2 para viver.
A mudança para a capital chinesa apenas fechou um ciclo na família Li, iniciado praticamente junto com as reformas capitalistas idealizadas pelo dirigente comunista Deng Xiaoping.
Em 1978 começavam as mudanças. Dois anos mais tarde, o filho mais velho de Li deixou a terra natal em busca de uma oportunidade na capital.
A Universidade de Pequim, embalada pelas aulas capitalistas, montou uma pequena fábrica de móveis. O filho mais velho de Li conseguiu uma vaga de marceneiro na empresa.
Depois, mais dois irmãos desembarcaram na estação de trem de Pequim, uma área marcada por uma frenética movimentação 24 horas por dia e sempre lotada de gente nas calçadas.
Os representantes da família Li conseguiram empregos num restaurante e na mesma fábrica de móveis da universidade.
Depois, veio o patriarca, para trabalhar como vigia. Instalado, Li tratou de trazer a filha mais nova. Ela ganhou emprego de zeladora em outro prédio da Universidade de Pequim, com um salário de 240 yuans (cerca de US$ 30).
A vida no campo está muito dura, explica Li. Mas uma migração em massa não vai desestabilizar o país? Não sei, pondera o ex-agricultor. Ainda bem que eu fui um dos primeiros a chegar por aqui, completa.
O exército de 120 milhões (10% da população total) de migrantes corresponde a dados oficiais, estimativas independentes colocam a cifra em cerca de 230 milhões.
Apenas entre 2 e 11 de fevereiro, três trens carregavam diariamente entre 6.000 e 9.000 trabalhadores de Bengbu e Fuyang, duas regiões na Província de Anhui (leste), para Xangai, a maior cidade chinesa.
(JS)

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