São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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França despreza suas 'minorias étnicas'

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

Em plena Europa supranacional, as minorias em território francês lutam por sua identidade, apesar do desinteresse do Estado.
Bascos, bretões e corsos lutam por maior autonomia ou até pela independência; outros seis grupos tentam apenas proteger seus idiomas da massificação do francês.
Os bascos formam o movimento mais ruidoso —devido, em grande parte, à publicidade dada à sua luta separatista na Espanha.
O mais bem-sucedido dos movimentos nacionalistas é o da Córsega, que conseguiu um esboço de autonomia em 1982. Os corsos elegem uma Assembléia própria, que vota o orçamento e os planos de desenvolvimento da ilha.
Os nacionalistas têm até um candidato à eleição presidencial francesa de abril, Max Simeoni, que prega a igualdade dos cidadãos e das regiões.
A Bretanha hoje luta pela identidade cultural e em defesa do bretão (língua de origem celta).
A defesa do idioma é um dos pontos centrais desses movimentos. Desde a Revolução Francesa, o ensino obrigatório foi decisivo para impor o francês como língua nacional —embora só em 1992 tenha sido incluído na Constituição como idioma oficial.
Os franceses acham que conceder direitos às minorias constitui uma ameaça à República, avalia a bretã Anna-Vari Chapalain, 40.
Chapalain preside o comitê francês do Serviço Europeu para as Línguas Menos Difundidas, órgão da União Européia.
A França se recusa a assinar a Carta Européia das Línguas Regionais, que reconhece o direito das minorias de expressar-se em seus próprios idiomas.
Na França, que tem aproximadamente o tamanho da Bahia, convivem dez línguas diferentes.
Com muito esforço, bretões e bascos conseguiram incluir seus próprios idiomas no currículo escolar. Outras línguas regionais são matérias opcionais nas escolas de segundo grau.

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Sobre minorias na Europa na pág. 8

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