São Paulo, domingo, 5 de março de 1995 |
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Tributação às avessas Quando subiram as tarifas de importação de automóveis, a indústria nacional foi beneficiada com um novo cálculo que reduz seu imposto de renda. Agora, o governo federal cogita —surpreendentemente— elevar os impostos sobre os carros usados e reduzir a tributação sobre os automóveis novos. A proposta, aventada pela ministra Dorothéa Werneck, significa um prejuízo para a classe média baixa em benefício de setores de renda alta —e das montadoras, é claro. Seria uma inversão da política do "carro popular", que visava expandir o acesso a automóveis. A proposta da ministra tende a reduzi-lo. A estratégia de forçar a renovação da frota pela tributação é usada em alguns países desenvolvidos, como o Japão. Trata-se de manter a produção de carros em mercados já razoavelmente saturados. No Brasil, porém, a situação é diferente. Aqui, o número de carros por habitante é muito menor. Basta uma melhora na economia para que as fábricas produzam a plena capacidade sem conseguir atender os compradores. É incompreensível que se queira constranger as pessoas a comprar carros novos no momento em que a falta de veículos sustenta um vergonhoso ágio na venda de vários modelos. Ademais, a distribuição de renda brasileira está entre as piores do mundo. Tributar ainda mais os produtos adquiridos por setores de renda mais baixa agravará fortemente as já imensas disparidades. Texto Anterior: Hora de ousar Próximo Texto: Melhor que o nhenhenhém Índice |
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