São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995
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Jackie Chan é novo cult no Ocidente

DA REDAÇÃO

O ator e lutador Jackie Chan encarna o último genuíno herói de ação do cinema mundial. Ele não usa dublês ou efeitos especiais em seus 42 filmes.
Por esse motivo, já quebrou o nariz (três vezes), o ombro, o peito, dois dedos e um joelho, entre outros ossos. E, desde "Police Story" (1985), adiciona cenas do "making of" ao final de seus filmes para provar a veracidade e a gravidade de suas lesões.
Se o personagem de Chan bebe diesel puro, como em "Drunken Master 2", ou pula de um balão para um planador, como em outra produção, o público tem certeza que o ator passou pelo mesmo.
Perto de Chan, as lutas de Schwarzenegger e Van Damme, entre outros, parecem rodadas em entediante câmera lenta.
"O público sabe que, se quer efeitos especiais, vai assistir Schwarzenegger. Se quer um tipo durão, procura filmes de Stallone. Mas, se quer um filme de ação, pede Jackie Chan —porque sabe que sou capaz de fazer coisas que pessoas comuns não podem", afirmou o ator em entrevista à revista "Time", que há duas semanas dedicou um perfil de três páginas a ele.
Para os atores-lutadores, Chan representa o último grau possível das artes marciais. "As cenas de ação dos filmes de Chan não têm paralelo no mundo", afirmou Sylvester Stallone.
Em todo o Sudeste Asiático, Chan é um herói nacional há anos. No Ocidente, vem se tornando cult rapidamente.
Há um mês, a retrospectiva "Super Jackie" lotou todas as sessões em um cinema de Nova York. Na Europa, fãs-clubes do ator surgem em países como Alemanha e Grécia. No Brasil, o culto é silencioso, já que há anos só são lançados filmes do ator em vídeo (veja relação ao lado).
A partir de 1973, os fãs de artes marciais começaram a busca pelo sucessor de Bruce Lee, morto aquele ano. Apenas Chan chegou perto da aprovação unânime.
As qualidades físicas e as técnicas de luta de Jackie Chan foram desenvolvidas na escola da Ópera de Pequim, que ele frequentou durante a adolescência. A característica principal da escola (como demonstra o filme chinês "Adeus Minha Concubina") é a rigidez da disciplina, dos exercícios e, principalmente, dos castigos.
Depois de chegar ao cinema e amargar alguns fracassos, Chan descobriu a fórmula ideal para seus filmes —a mistura de kung fu e pastelão—, depois de perceber que eles sempre ficavam atrás de comédias nas bilheterias.
Em 1976, adotou o nome Jackie Chan para o mercado norte-americano (na Ásia, ele é conhecido como Sing Lung).
O penúltimo filme de Chan, "Drunken Master 2", arrecadou US$ 22,5 milhões só em território asiático.
Aos 40 anos, ele afirma que pretende parar de atuar em três ou quatro anos, frase que vem repetindo há cerca de dez anos. Mas, se parasse hoje, já teria deixado seu nome na história.

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