São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995 |
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Hui é homem das mil faces
MARCELO REZENDE
Amante da gargalhada e não do sorriso, Hui é chamado de "O Homem que faz rir toda a Ásia". Para isso, faz o uso —em uma expressão tão chinesa— de suas mil faces. Em seus filmes quase nunca se enxerga seu rosto natural. Hui é sempre outro, com sua capacidade absurda de se transformar. Mas sua comédia é também de um outro tipo: "A comédia oriental é bem diferente da ocidental. O público asiático quando vê um filme, ri durante dez minutos e chora o resto do tempo", disse Hui em entrevista à "Cahiers du Cinéma". Essa intenção é que faz dele não apenas um cômico, mas também um cineasta. Ele dirige todos os seus filmes e evita a idéia da repetição para forçar o riso. Quando lhe perguntam sobre a dificuldade em não estar fazendo sempre a mesma comédia, Hui diz que o mais difícil não é fazer um filme original, mais sim um filme original que não se prenda apenas a uma cultura. No seu caso, a de Hong Kong. Talvez por isso em cada um de seus filmes sempre celebre uma homenagem não a um cômico ancestral de sua gente, mas a um americano que se notabilizou pelo malabarismo: o americano Harold Lloyd. Acusado de realizar um cinema que "não viaja", excessivamente "cantonês" (pelos diálogos e piadas na língua), desmente a acusação em cada comédia. Em "Private Eyes" brinca com o que existe de mais assimilável em qualquer cultura: a diferença entre bandidos e mocinhos.Por isso o desejo de se ver, assim como Bruce Lee e Jackie Chan, reconhecível fora de seu pequeno universo. "Todo o riso depende da seriedade que se faz o truque". Texto Anterior: Chow quer dominar o mundo Próximo Texto: "Farinelli" mixa vozes femininas e masculinas Índice |
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