São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 1995 |
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Filho da ministra é gênio de chapéu em cone
BARBARA GANCIA
Qualquer mãe tem razão para se orgulhar de rebento que excele nos estudos. Acontece que, no momento em que Renato abriu a boca para dizer na mídia o que pensa, suas declarações asininas acabaram por macular as conquistas acadêmicas e o sorriso da mãe ministra. O rapaz demonstrou ser prova viva de que o ministro da Educação está coberto de razão ao dizer que o vestibular deve ser radicalmente mudado. Algo está muito errado com um sistema educacional que promove a status de gênio um garoto com um nível de cultura geral tão baixo quanto o exibido por Renato Werneck. Veja: o filho da ministra, na flor de seus 18 aninhos, se posiciona politicamente como "governista", reclama que o preço do carro importado Tipo está baixo demais e justifica não ter participado do movimento dos caras-pintadas por não gostar de aglomerações. Diz ainda, candidamente, não ser chegado em leitura. Prefere filmes de ação, como "Duro de Matar". A última peça de teatro a que assistiu foi a pega-trouxa "Cats", na Broadway, cuja única lembrança é ter pago US$ 60 para ver o musical e outra peça. "Não lembro mais como se chamava. Só sei que o título era um nome de mulher, que começa com a letra G". Não é lindo? Tem mais: para Renato, a Globo é "muito perseguida", Picasso é só "rabisco" e "não há diferença entre o desenho de uma criança e um quadro de Miró". Note que o rapaz é filho de professor universitário, com poder aquisitivo que lhe permite jogar na mão do pimpolho um Vectra, automóvel que vale cerca de US$ 30 mil. Se o 1º colocado em vestibulares tão bem cotados exibe esse nível de ignorância, imagine o que passa pela cabeça do 45º colocado da FMU. Só nos resta chorar. Texto Anterior: Lei prevê criação de ombudsman em SP Próximo Texto: PT chic; Fidel chic; Outro lado da moeda Índice |
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