São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 1995
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Invasão de chips no dia-a-dia traz comodidades e aborrecimentos

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

A casa e o carro dos americanos estão entrando rapidamente na era da informática. A invasão dos chips no cotidiano promete muitas conveniências e alguns aborrecimentos. Não se trata dos computadores em si, mas de aparelhos eletrônicos que são cada vez mais capazes de responder ao usuário.
Na Flórida, uma locadora de automóveis testa um sistema de navegação que ajuda turistas a guiar-se pela região de Orlando. É um pequeno computador que vem embutido no painel do automóvel. O motorista informa o destino final da viagem e o aparelho responde com um mapa e uma sugestão do melhor caminho a fazer.
Há vários sistemas do gênero sendo desenvolvidos por aqui. Os do futuro serão capazes de indicar onde fica o banco ou a lanchonete mais próxima. Em outra versão uma voz guia o motorista a partir do mapa, sugerindo que ele pegue a primeira à direita, esquerda no farol e assim por diante.
Também nos automóveis, os sistemas de alarme mais modernos agora incorporam um chip que só falta prender o ladrão. Se alguém se aproxima ou encosta no carro, uma voz eletrônica faz um alerta: "Afaste-se do carro. Obrigado."
O controle remoto que trava ou destrava as portas também está ficando sofisticado. Os de última versão permitem ao motorista ligar ou desligar o alarme, abrir ou fechar os vidros e até dar a partida antes mesmo de entrar no carro.
Em casa, os chips de computador já estão por toda parte: do forno microondas à máquina de fazer café. Falta apenas colocar os aparelhos sob o comando de um sistema único e a vida do usuário pode ficar muito mais fácil.
Um dos sistemas mais populares do momento é fabricado pela empresa X-10. São módulos que você pluga na tomada dos aparelhos que pretende controlar. Eles estão programados para responder aos sinais emitidos a partir de uma pequena central. Na versão mais barata, o dono da casa usa um controle remoto para ligar ou desligar luzes, a TV, o aquecedor de água e assim por diante.
Por cerca de US$ 200 é possível dispensar o controle remoto e usar o computador doméstico para definir o cotidiano dos aparelhos. Através do Home Automation Interface você determina que todo dia, exatamente às 7 da manhã, as luzes da varanda vão desligar; às 7:05 o aquecedor de água se acende, preparando o banho em alguns minutos; às 7:10 é a vez da máquina de fazer café e quinze minutos depois, ao abrir a porta de casa, a da garagem abre junto.
O inconveniente disso é que o morador acaba ficando escravo do horário dos aparelhos. O sistema é flexível o suficiente para ser reprogramado a qualquer momento, mas no dia em que você decidir que não quer mais tomar café vai ter que tirar a máquina da tomada. Talvez a maior vantagem esteja no controle de luzes, que podem acender e apagar mesmo quando não há ninguém por perto. Jeito eficiente de espantar os ladrões.
Quem puder gastar US$ 25 mil ao construir uma casa pode dotá-la, aí sim, do sistema mais moderno do mercado, o Smart House, desenvolvido pela associação dos construtores americanos. Mesmo a milhares de quilômetros de casa, através de um telefone e um laptop, você pode controlar tudo o que se passa nela.
Abrir ou fechar cortinas, ligar o ar-condicionado ou aquecedor, programar o videocassete, recolher as mensagens deixadas na secretária ou pelo correio eletrônico. Parece coisa de ficção científica, mas não é. Sistemas do gênero deverão estar instalados em 15% dos domicílios norte-americanos até o ano 2000.

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