São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995 |
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Sem privilégios, ruralistas ameaçam boicotar reforma
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Os parlamentares que integram a bancada ruralista no Congresso ameaçam impedir a votação de projetos de interesse do governo, especialmente os que dizem respeito às reformas, se o presidente Fernando Henrique Cardoso não atender suas reivindicações.A retaliação poderá ser até mesmo a retirada da bancada do plenário no momento de votação de projetos do governo para impedir o quórum (número de necessário de parlamentares para garantir uma votação). A estratégia dos ruralistas inclui as comissões especiais que analisam as emendas do governo. Muitos ruralistas integram as comissões e poderão atrasar os seus trabalhos. Uma das principais reivindicações era o fim da correção dos financiamentos para o setor pela TR, reivindicação que acabou sendo atendida pelo governo (leia reportagem a respeito à página 2-3). Os parlamentares querem ainda que o governo entre imediatamente no mercado agrícola com R$ 600 milhões para comprar os produtos, principalmente o milho, e garantir o preço mínimo. "Se o governo não der uma solução rápida para os nossos problemas, vamos criar impasses. Não podemos, em nome de uma reforma, que não sabemos para onde vai, deixar falir a agricultura", afirmou o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC). Os ruralistas contabilizavam ontem pela manhã cem assinaturas para a criação da Frente Parlamentar da Agricultura. Eles esperam chegar a 200 parlamentares. A frente vai dar o tamanho exato da bancada ruralista, hoje estimada em 120 deputados pelos próprios parlamentares. "Vamos tomar nossas posições acima dos próprios partidos. A frente é suprapartidária", disse Colatto. O deputado Abelardo Lupion (PFL-PR) afirmou que a obstrução pode não incluir a reforma na Constituição. "Vamos jogar pesado, mas vamos fazer a reforma constitucional porque é uma questão de patriotismo", afirmou. Ontem, os ruralistas tentaram, sem sucesso, esvaziar a reunião da Comissão de Agricultura, marcando uma reunião do Codesul (Conselho de Desenvolvimento do Sul) para o mesmo horário. Os ruralistas não concordam com a presidência da comissão nas mãos do PT. O Codesul reúne as bancadas dos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Acusação Colatto também acusou ontem o ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, de "explorar" a agricultura ao invés de defendê-la. A acusação de Colatto tem por base uma proposta de financiamento do Bamerindus encaminhada a alguns agricultores. Nela o banco, de Vieira, propõe a substituir a TR na correção de financiamento agrícolas pela variação do dólar. Andrade Vieira classificou de "uma bobagem" a acusação do deputado. Texto Anterior: Proposta veta mais de uma pensão no INSS Próximo Texto: CUT pode chamar greve geral para combater reformas constitucionais Índice |
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