São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995 |
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'Reengenharia' de SP faz 23 mil demissões
FERNANDO CANZIAN
Covas afirmou que poderá capitalizar o Banespa vendendo parte do controle do banco à iniciativa privada. Não descartou a privatização do Banespa no futuro, "se isso for absolutamente necessário". Afirmou ainda que "dificilmente" o Estado vai realizar investimentos nos próximos dois anos. Segundo ele, estas e outras ações fazem parte da "reengenharia" do Estado de São Paulo. A uma platéia de 200 empresários e investidores internacionais que participam em São Paulo de seminário promovido pela Universidade de Harvard, Covas disse ontem que o Estado está "falido e ingovernável". A receita de São Paulo prevista para 1995 é de R$ 15 bilhões, contra R$ 27 bilhões em despesas. Mesmo que consiga equacionar dívidas de curto prazo do Banespa e da Nossa Caixa, assim mesmo os gastos serão superiores às receitas em R$ 6 bilhões. "Não tenho como tirar dinheiro detrás da orelha, por isso vou cortar o que puder", disse. Só o funcionalismo (1.136.823 servidores, dos quais 898.673 ativos) deve consumir R$ 850 milhões/mês da arrecadação estadual este ano —o equivalente a 79,4% da receita tributária prevista. Alguns exemplos de ações que estariam sendo adotadas: Concessões: foi assinado ontem decreto instituindo a prestação de serviços e obras pela iniciativa privada. A expectativa de captação de recursos é de R$ 1,45 bilhões em várias áreas. As concessões começam com as estradas (ver texto ao lado). Banespa: Covas quer "democratizar" o banco. Diz que seria possível vender até a "totalidade" das ações. "O Estado poderia continuar controlando o banco sem ser o sócio majoritário". Disse que a "privatização total" é "impensável" no momento. Funcionários: 65% do funcionalismo ganha menos de R$ 350 mensais (R$ 259 milhões do total da folha) e os outros 35% dividem R$ 591 milhões. Covas quer reestruturar a folha salarial. Créditos a receber: A Secretaria da Fazenda e o Banespa devem se unir para cobrar R$ 10 bilhões dos devedores do Estado. Parte do dinheiro será usado para equacionar o banco. Cesp: além de ter 2.500 veículos próprios, a Cesp gastava outros US$ 25 milhões/ano com aluguéis de automóveis —que já teriam sido cortados. Sabesp e outras empresas energéticas: quer aumentar o controle. Disse que a situação beira "as raias do absurdo". "As empresas têm tarifas de Primeiro Mundo e dão prejuízo de R$ 60 milhões por mês". Cia. de Desenvolvimento Habitacional e Urbano: 444 funcionários terceirizados ganhavam o mesmo que outros 1.300 servidores. Estão sendo demitidos com economia de US$ 2,5 milhões/mês. Fepasa: 5.600 demissões e planos para privatizar a operação da empresa. Privatizações: o governo está fazendo levantamento de todas as empresas. "Vamos privatizar o que for preciso", disse. Texto Anterior: Supremo autoriza inquérito para investigar denúncias contra Amorim Próximo Texto: Transcrição de debates atrasa a conclusão do processo final da CPI Índice |
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