São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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'Aborto é contra o que aprendi'

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

"É muito comum colegas de outros hospitais dizerem, quando estou chegando, 'lá vem o aborteiro"', relata Osmar Colas, um dos ginecologistas do Jabaquara ouvidos no vídeo "Aborto Legal".
Colas diz que, no início do programa, os psicólogos tiveram muito trabalho em convencer médicos e enfermeiros do próprio Jabaquara a participarem dos abortos.
Cristião Rosas, do mesmo hospital, resume essa dificuldade: "Você vê uma menina de 11 anos, com um ursinho no colo, e vê que ela está grávida, que foi violentada. Como é que você vai responder a essa criança?"
Vários médicos ouvidos no vídeo lembram que as escolas de medicina não preparam o estudante para lidar com o aborto. "O curriculum das faculdades de medicina é medieval, não é adaptado à realidade de hoje", disse o ginecologista José Roberto Kater.
"Não gosto de interromper nenhuma gravidez", diz Anibal Faundes, do Caism, centro de atendimento da Unicamp que tem feito abortos em casos de malformação grave. "O aborto é contra tudo que a gente aprendeu."
"Eu costumo dizer que a palavra aborto sangra e peca", diz Thomas Gallop, que também defende mudanças na legislação que trata do aborto.
(AB)

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