São Paulo, sábado, 18 de março de 1995 |
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Márcio Souza busca identidade da Funarte
ANTONIO CARLOS DE FARIA
O romancista e dramaturgo Márcio Souza, presidente da Funarte desde 27 de janeiro, diz que a entidade tem o mesmo problema do Ministério da Cultura. Falta redefinir sua função. Souza, 48, tomou posse no cargo depois de uma tumultuada sucessão, onde sobraram reclamações dos que defendiam a permanência do poeta Ferreira Gullar como presidente. "Os poetas estão acima de nós, os ficcionistas", diz Souza, ressaltando que teve todo o apoio de Gullar na fase de transição entre as duas administrações. Oposição O novo presidente já assume que desistiu de uma disputa que os seus opositores defenderam timidamente. Márcio Souza não quer que a Funarte trabalhe para desempenhar o papel de órgão agenciador de financiamentos privados para projetos culturais. O órgão, que pode ser mais uma fundação vinculada ao governo federal, está em estudos no Ministério da Cultura. Para Souza, a entidade que preside já tem atribuições demais. A falta de entrosamento entre seus vários setores seria um dos fatores de sua ineficiência. A instituição tem cerca de 600 funcionários, espalhados pelo Rio, São Paulo e Brasília. Paquiderme Instalado num gabinete onde sua sala é precedida por dois relógios de parede parados em 12h05, Souza não considera que o tamanho seja a causa do ar paquidérmico da instituição. Hoje, a Funarte tem trabalhos concomitantes em teatro, cinema, dança, circo, artes plásticas, fotografia, música erudita e popular, folclore, edição de livros, revistas, centro de documentação e cenografia. "Podemos entrar no 'Guiness' como a maior estrutura governamental do mundo voltada para cultura", afirma Souza. A redução da máquina não faz parte de sua meta. "O que está faltando é lubrificação". Frankenstein Essa máquina é "uma espécie de 'A Coisa' do doutor Frankenstein", afirma o romancista. Uma entidade formada pela costura de mais dois corpos junto à carcaça original. No início do governo Collor, foram extintas a Funarte, a Fundacen (Fundação Nacional de Artes Cênicas) e o FCB (Fundação do Cinema Brasileiro). Souza diz que se apresentou na Funarte sem um projeto pessoal, querendo descobrir um caminho a partir de discussões com os próprios funcionários. Texto Anterior: Truffaut põe em livro charme de seu cinema Próximo Texto: Órgão cria bolsa para dramaturgos Índice |
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