São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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Mercado no país é de US$ 114,3 bilhões

DA REPORTAGEM LOCAL

No Brasil, o mercado de derivativos soma US$ 114,3 bilhões, quase um quarto do PIB (Produto Interno Bruto, uma medida da riqueza nacional).
Os negócios estão concentrados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) ou na Cetip (um computador que registra as operações feitas com títulos privados no chamado mercado de balcão).
Os derivativos —como diz o nome, são operações derivadas de negócios feitos no mercado à vista— surgiram para diluir riscos.
Sob este nome estão inúmeras operações diferentes, como compra antecipada de títulos, troca de dívidas em dólar por dívidas em marcos alemães, troca de taxa de juros, assegurar antecipadamente a possibilidade de comprar ou vender uma ação em uma data predeterminada.
Um exemplo é dado por Marco Aurélio Teixeira, superintendente técnico da BM&F. Nele, uma empresa aplicou seus recursos em um CDB prefixado e contraiu dívidas corrigidas pela TR (Taxa Referencial) de juros.
Esta hipotética empresa está correndo um risco: o de a TR subir e superar a remuneração oferecida pelo CDB. "Se ela não fizer nada para se proteger, estará em uma posição especulativa. Apostou que o rendimento do CDB será maior do que o da TR", diz Teixeira.
A empresa, porém, pode procurar proteção e fazer um "swap" (troca). Ela vai a um banco e troca o rendimento do CDB pelo da TR. O banco cobra um preço para fazer a operação.
Assim, se a TR ficar menor do que o juro do CDB, a empresa vai perder dinheiro na "swap" e ganhar dinheiro na sua aplicação original. O resultado líquido é zero.
Teixeira lembra que o banco pode não querer assumir este risco integralmente. Então, ele vai ao mercado procurar outra instituição para fazer a "swap" inversa.
Assim, o risco vai se diluindo em operações sucessivas. Mas, de qualquer maneira, a hipótetica empresa, usando um derivativo, reduziu o seu.
A mesma operação, porém, pode ampliar os riscos. Basta, por exemplo, que a aplicação original (a do CDB) seja de R$ 1 milhão e que a empresa decida fazer um "swap" de R$ 3 milhões.
Neste caso, só R$ 1 milhão está calçado em uma operação à vista. Sobre os R$ 2 milhões restantes, ela estaria especulando.

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