São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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FHC foi vaiado por manifestantes no Rio

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Presidente foi vaiado por manifestantes no Rio
Aliados de FHC guerrearam entre si por cargos
Na semana seguinte a tormenta do câmbio, primeiro tropeço relevante do real, o presidente Fernando Henrique Cardoso, 63, enfrentou sua maior manifestação de protesto desde a posse.
A passagem de FHC pelo Rio emprestou ao centro da cidade uma atmosfera de Terra em Transe. O cenário de bombas de gás, tiros para o alto, paus e pedras marcou o ressurgimento de uma aliança de três velhos inimigos do liberalismo.
CUT, UNE e PC do B estão de volta, num prenúncio de que a reforma constitucional não será o passeio imaginado pelo governo. A polícia contou 500 manifestantes; os organizadores do protesto, 3.000.
Tudo serviu de pretexto para salvar as forças antireforma da anestesia -da ameaça de afastamento de 6.080 matadores de mosquitos da Fundação Nacional da Saúde a ira dos estudantes com a idéia do teste final nas universidades.
Nos próximos dias, Leonel Brizola, cacique do PDT, e Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, devem voltar a se falar. Querem marcar um encontro para tramar contra a cirurgia na Constituição.
Enquanto seus inimigos se articulam, a base política do governo, majoritária no Congresso, guerreia por cargos. A semana marcou o abandono da idéia de FHC de manter com os partidos um relacionamento institucional.
Reinstalou-se no Planalto um balcão semelhante ao que adornou o gabinete de José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. Na terça-feira, FHC recebeu 19 parlamentares. Ouviu pedidos de pontes, estradas, casas e cargos.
A algaravia a volta do presidente tende a adensar-se. Em entrevista
a Folha, publicada na edição de hoje, o ministro Pedro Malan (Fazenda) compra uma briga de respeito ao anunciar para breve a revisão da política salarial.

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