São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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DEPOIMENTO

"O amor da minha vida, que apareceu pouco antes de eu fazer 50 anos, me mostrou que sexo pode ser maravilhoso"
Me casei cedo acreditando que seria feliz para sempre e que chegaria às bodas de ouro. Tive dois filhos. Minha vida progrediu no aspecto econômico-financeiro. Ele era um médico muito bem-sucedido e eu cuidava da casa. Depois de 13 anos, quando meu marido pediu a separação com o argumento de que tinha acabado o amor, levei um choque. Hoje, acho que foi a melhor coisa que aconteceu. Deixei uma vidinha de sombras, catei meus caquinhos para me tornar uma mulher realizada. Meu relacionamento sexual enquanto estava casada nunca correspondeu a nenhuma de minhas fantasias, nem expectativas. Era um sexo normal, simples. Cheio de moral. Ele não admitia, por exemplo, que dormíssemos nus, dizia que ia acabar em resfriado. Nunca fomos a um motel. Mas só percebi isso tudo quando experimentei outros parceiros. Um dia, um de meus namorados me perguntou: 'Quanto tempo você ficou casada?' Eu disse 13 anos e ele falou: 'O que é que você fazia, nada?' Aí eu percebi que alguma coisa devia estar fraca, meio errada. Quando entrei na faculdade de direito, aos 48 anos, ouvia internamente meu ex-marido dizer que naquela altura do campeonato eu só dava para cozinheira. Tive de reativar meus neurônios, não conseguia raciocinar direito. Levei dois anos para sentir que azeitei meu cérebro e que ele começou a funcionar bem de novo. Com o sexo também foi assim. Depois que me dei conta que era uma engrenagem velha, mas que funcionava, ninguém mais me segurou. Foi o amor da minha vida, que apareceu um pouco antes de eu fazer 50 anos, que me mostrou que sexo pode ser uma coisa maravilhosa. Tive meu momento de êxtase com ele, que me achava gostosa, tesuda e me ensinou as artes e prazeres de uma relação a dois plena, satisfatória e completa.

Fernanda Ernestina Borges de Assis, 55, é advogada.

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