São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aiuruoca troca samba por 'purificação'

EVANDRO EBOLI
DA AGÊNCIA FOLHA, NO SUL DE MINAS

Em vez de samba, há três anos a pequena cidade de Aiuruoca celebra no Carnaval um evento esotérico de "purificação" da alma.
Este ano, durante os quatro dias do reinado de Momo, 30 pessoas se reuniram para a "Viagem ao Interior de Aiuruoca". O recolhimento esotérico foi facilitado pela decisão de um pároco de Aiuruoca, monsenhor Nagel, que, há quase 60 anos, determinou retiro obrigatório no Carnaval.
No início, a população acatou a ordem. Com o tempo, os moradores decidiram antecipar a folia. Hoje, o Carnaval acontece uma semana antes da data oficial. E o encontro de esotéricos pode transcorrer sem a perturbação da batucada.
São dias de danças, meditação e palestras sobre a Atlântida. A reunião transcorre entre e fogueiras e conta com longas caminhadas e prática de tai-chi-chuan.
O moradores de Aiuruoca já se acostumaram à presença dos esotéricos. Alguns chegam a participar de atividades como o "abraço da praça", no encerramento da "viagem", quando os participantes se reúnem em círculo em volta da praça e, ao som do grupo Luz da Ásia, cantam o hino "Espírito da Paz", criado por grupos pacifistas.
"As canções são de fácil assimilação. Ninguém precisa saber cantar para entrar", diz Laerte Willman, 44, terapeuta corporal e instrutor de danças sagradas. "O campo energético é muito forte", diz Michel Mujalli, 38, presidente da Sociedade Budista do Brasil.
Aiuruoca (toca do papagaio, em tupi-guarani) tem ainda como atração o pico do Papagaio, de 2.000 m de altitude, local "energético".
São Tomé
Em São Tomé das Letras, a mais badalada cidade mística do sul de MG, não há quem não tenha visto disco voador, corpos luminosos e seres extraterrenos. Até o prefeito, Alaor Frauzino de Oliveira (sem partido), 52, viu uma "luz avermelhada" sobre a cidade.
A cidade, a 1.300 m de altitude, com cachoeiras e montanhas, explora o turismo esotérico em grande escala. Segundo o prefeito, São Tomé não tem estrutura para suportar o avanço do turismo. A cidade tem 3.000 habitantes, número que triplica em feriados.
"A cidade é mística, linda", diz Thiago Patrício, 15, que vende gnomos e duendes.

Texto Anterior: Sul de Minas é 'núcleo cósmico do planeta'
Próximo Texto: Led Zepellin ganha versão "indiana"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.