São Paulo, domingo, 19 de março de 1995 |
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Malan quer novas regras na correção dos salários
JOSIAS DE SOUZA; GILBERTO DIMENSTEIN Ministro da Fazenda quer o fim do repasse integral da inflação na data-base"Há estimativas de um crescimento muito alto das importações em fevereiro. Não quero comentar o número do déficit comercial nesse mês antes de tê-lo em caráter definitivo. Mas tudo indica que será um déficit bem maior do que o de janeiro, que foi de US$ 290 milhões. Aparentemente bem maior. " JOSIAS DE SOUZA Diretor-executivo da Sucursal de Brasília GILBERTO DIMENSTEIN Diretor da Sucursal de Brasília O governo prepara uma nova política salarial. A idéia é acabar com o repasse total da inflação para os salários nas datas-base. A medida será anunciada até junho. Num instante de alta inflacionária, o governo planeja desindexar gradualmente a economia."Não temos alternativa", disse o ministro da Fazenda, Pedro Malan, 52, em entrevista exclusiva à Folha. Malan explicou que, no caso dos salários, o que se busca são repasses inferiores a 100% da inflação. Uma tese que deve gerar enorme chiadeira. "Há uma demanda por indexação", diz. "Existem possibilidades intermediárias entre a indexação total, de 100% da inflação passada, e o limite da Argentina, que não prevê nenhum tipo de indexação." O ministro se refere à Argentina porque o governo Menem acabou com qualquer tipo de indexação. A medida provisória que instituiu o real, em julho do ano passado, prevê que a regra atual só vai vigorar até junho. O ministro recebeu a reportagem da Folha na quinta-feira. Das 10h45 às 11h50, falou sobre o déficit da balança comercial em fevereiro ("será maior do que foi em janeiro, bem maior"), sobre o consumo ("cresce mais do que a oferta de produtos"), e sobre a equipe do Banco Central ("não vejo razão para mudanças"). Malan manuseava um cachimbo. Acendeu-o sete vezes antes de despejar os restos de fumo no cinzeiro da sala de reuniões contígua ao seu gabinete. Sem paletó, instou o fotógrafo a deixar a sala após sete disparos do flash. Abaixo, os principais trechos da entrevista: (continua) Texto Anterior: Dá para esquecer o dólar? Próximo Texto: Malan quer novas regras na correção dos salários Índice |
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