São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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Impostos pressionam o custo financeiro

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisa feita pelo Lloyds apurou uma taxa média de 13% ao ano que o consumidor norte-americano paga em Nova York quando compra bens de consumo a prazo financiados por linhas de "consumer credit".
O brasileiro paga a mesma taxa, só que ao mês. Ao ano, ela sobre para 333,45%. Os bancos brasileiros atribuem a distância cavalar entre os juros líquidos que pagam ao investidor na captação de recursos e os que cobram do consumidor nas operações de crédito à chamada "cunha fiscal".
Essa "cunha" é formada pelos impostos (Imposto de Renda de 10% que é descontado dos investidores, PIS, IOF, entre outros) e pelos depósitos compulsórios ao Banco Central (27% nos depósitos a prazo e 15% nos empréstimos).
A verdade é que os balanços do ano de 1994 estão revelando que boa parte dos excelentes lucros obtidos pelos bancos durante o segundo semestre do ano passado foram obtidos com aumento dos "spreads" —diferenças entre despesas na captação de recursos e receitas nas operações de crédito.
Isso significa que os juros cobrados nos empréstimos não foram reduzidos na mesma proporção que as taxas das aplicações após a entrada do real em julho de 94.
A sofisticação do mercado brasileiro, junto com os diversos mecanismos de indexação da economia que os mentores do Plano Real querem agora eliminar, foi resultado de três décadas de aceleração inflacionária.
Nesse período, a moeda nacional foi trocada sete vezes, começando com o cruzeiro novo em meados da década de 60 até desembocar no real em julho de 94.
A inflação produziu também produtos financeiros sofisticados, como é o caso das diversas modalidades de fundos de investimentos, onde estão aplicados hoje R$ 48 bilhões, segundo dados da Anbid, a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos.
Os fundos ultrapassaram a caderneta de poupança, o mais popular do país, que chegou no último dia 13 com um saldo de R$ 46,3 bilhões, segundo dados do Banco Central. Os fundos de commodities têm R$ 22,2 bilhões.(FM)

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