São Paulo, domingo, 19 de março de 1995 |
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Nova crise externa?
DEMIAN FIOCCA Desenha-se a possibilidade da instalação de uma nova crise do setor externo na América Latina. A superação do sufoco atual ou a concretização da crise depende da duração da atual interrupção dos fluxos financeiros e do compromisso dos EUA e do FMI em socorrer a região.Na última crise, iniciada em 82, os esforços para obter superávits comerciais e salvar o setor privado endividado contribuíram para levar os Estados a situação pré-falimentar. A inflação disparou. Melhorias sociais foram adiadas. Os constrangimentos de uma nova crise externa já estão em curso no México e na Argentina: recessão para inibir as importações, mais desemprego e uma composição entre a inflação e a contenção de salários. No Brasil, talvez se possam evitar maiores constrangimentos se o cenário externo voltar a ser favorável. Caso contrário, o país pode já estar sobre a crise. De todo modo, é intrigante como tantos governos, após anos de sacrifícios para obter superávits, puderam adotar políticas de importação em massa. A América Latina prestou-se a contrabalançar a liquidez mundial. Em 82, os juros nos EUA subiram e o FMI receitou-nos superávits. Em 88, a baixa dos juros e o déficit comercial dos EUA criaram um excesso de liquidez: o FMI endossou déficits e privatizações que absorvessem os dólares. Faltou à região saber quais eram seus próprios interesses. Texto Anterior: Impostos pressionam o custo financeiro Próximo Texto: O boato funcional e a "moeda podre" Índice |
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