São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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Publicidade projeta perspectivas melhores

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O publicitário não é aquele profissional que vive de receber prêmios, participar de coquetéis e vestir roupas extravagantes.
Quem quiser arrumar emprego na área nos próximos cinco anos tem que tirar da cabeça a idéia de glamour e pôr os pés no chão.
A afirmação é de Sandra Esteves de Souza, assistente acadêmica da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
Para ela, o essencial no publicitário do ano 2000 será uma excelente visão de marketing.
"Marketing significa estudar e entender o mercado. Para isso, a pesquisa é um instrumento fundamental", diz Sandra, que é professora de redação publicitária.
Publicidade e propaganda foi o curso mais concorrido da USP no vestibular deste ano, com 84,10 candidatos por vaga.
"A procura é alta em parte pelo glamour, mas isso tem diminuído", afirma a professora.
Segundo ela, a evasão na ESPM fica entre 8% e 10%. "Curiosamente, só registramos casos de desistências entre alunos do primeiro ano." Ou seja, dos 300 que ingressam na escola por ano, 30 vão embora nos 12 primeiros meses.
Dados da APP (Associação dos Profissionais de Propaganda) —que reúne 1.200 membros entre publicitários, agências e estudantes— estimam que o setor movimenta cerca de 50 mil empregos.
Vamberto Ibelli, 38, secretário-executivo da associação, diz que o mercado não está conseguindo absorver a quantidade de profissionais colocados no mercado.
Apesar disso, ele diz que a tendência na área é de expansão. "O investimento na propaganda brasileira movimenta atualmente US$ 4 bilhões por ano", avalia.
Segundo Ibelli, o salário inicial varia muito conforme a empresa e o cargo exercido.
Um antigo fantasma que ronda os cursos de comunicação é a adequação do ensino à realidade de mercado. Para Sandra Esteves, isso não é problema.
"São poucas as escolas de publicidade no Brasil. E todas elas estão correndo atrás das novidades do mercado", diz.
O curso da USP é tido como mais teórico que o da ESPM. "Essa opinião é inclusive de um diretor da escola, que também leciona na USP", conta a assistente.
Outro renomado curso de publicidade no país é o da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado). A chefe de departamento Elenice Rampazzo, 40, observa que existe muito campo de trabalho além das agências de propaganda.
Clientes, fornecedores e veículos de comunicação também formam um mercado em potencial. "Não se pode fechar o profissional dentro de agências, ainda mais na área de criação", afirma.
"Criação é talento. Você não aprende, mas aperfeiçoa. É diferente da área de mídia, em que você pode desenvolver uma técnica mais apurada", diz Elenice.
Além da criação, o publicitário pode atuar em atendimento, marketing, pesquisa de mercado e mídia. Este último ramo da atividade trata do planejamento e veiculação das peças publicitárias.

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