São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Genebra aposta pesado no mercado brasileiro

CLAUDINÊ GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE GENEBRA

O maior salão anual do automóvel na Europa, o de Genebra (Suíça), termina hoje com boas notícias para o Brasil.
A primeira delas é que a subsidiária espanhola da Volkswagen, Seat, espera fazer do Brasil seu terceiro mercado —o primeiro é a Espanha, com 100 mil carros vendidos em 94, e o segundo é a Alemanha, com 60 mil.
Isso significa que três modelos produzidos pela Seat —Ibiza, Córdoba e Toledo— devem chegar ao Brasil em maio.
Inicialmente serão importados pela Volkswagen, mas há planos para a abertura de uma rede própria de concessionárias Seat no Brasil —essa decisão deve ser anunciada no início de abril, em Barcelona.
A Renault também tem interesse no mercado brasileiro. Após a experiência de exportação dos últimos anos, a maior marca francesa está convencida de que a única maneira de entrar no mercado é produzir no Brasil.
Para isso, a Renault estaria disposta a investir US$ 1 bilhão em uma fábrica no Brasil.
A decisão final é aguardada para julho e os detalhes, por enquanto, são segredo absoluto.
A Opel, subsidiária européia da GM, também confirmou o interesse da GM do Brasil em importar 60 mil Astra por ano.
Segundo Helmut Vethake, relações públicas da Opel, as importações vão ocorrer "se as alíquotas não forem para a estratosfera".
O Astra é o modelo médio da marca na Europa, onde já foram vendidas mais de 3 milhões de unidades.
A versão de base, de três portas com motor 1.4, custa US$ 16 mil no mercado europeu. No Brasil, o carrinho não sai por menos de R$ US$ 21,7 mil.
A Opel, como todo mundo, também está em contato com a China (para um grande contrato de produção de carros populares) que, de acordo com Vethake, tem interesse pelo Corsa fabricado no Brasil.
A má notícia do salão é que a grande vedete da Opel na Europa, o Tigra, não deve chegar tão cedo ao Brasil.
Construído com o mesmo chassi do Corsa, a fábrica na Alemanha só pode produzir 50 mil carros por ano e a demanda na Europa já é muito maior.
Não está prevista construção de nova fábrica nem substituir parte da produção do Corsa (600 mil por ano).
O sucesso do Tigra se explica pela tendência atual (ver texto ao lado) e pela relação qualidade/preço. Custa no mercado europeu a partir de US$ 17 mil.
O Salão de Genebra exibiu durante dez dias 1.200 marcas de veículos de 37 países, mostradas por 320 representantes nos 50 km m de exposição.
Calcula-se que mais de 700 mil pessoas visitaram a mostra.
As previsões mais otimistas indicam que a demanda deve aumentar de 30% ao ano até o final do século, quando 43 milhões de veículos deverão estar em circulação no mundo.
Em 1994, a produção e vendas de veículos já aumentaram em todos os continentes.
Estima-se que as vendas aumentarão até nos mercados de grande densidade, como Estados Unidos e Europa (6%).
Mas os construtores estão de olho mesmo nos chamados mercados emergentes, sudeste asiático e América Latina.

Texto Anterior: Japoneses querem repetir o sucesso das motos Harley
Próximo Texto: Evento resgata tradição dos esportivos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.