São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Sindicalistas querem greve contra redutor

CRISTIANE PERINI LUCCHESI; LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os sindicalistas ameaçam com uma onda de greves em todo o país caso o governo decida acabar, a partir de junho, com o repasse total da inflação para os salários nas datas-bases de cada categoria, como sugeriu o ministro da Fazenda, Pedro Malan, em entrevista à Folha publicada no domingo.
"Isso seria uma loucura do governo. Recompor salários só na data-base, como é hoje, já é ruim. Não vamos concordar com mais essa interferência de forma alguma", disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força Sindical.
Para Paulinho, "o governo deveria segurar a inflação, não os salários, e ficar longe das negociações salariais entre trabalhadores e empresários".
Paulinho disse que vai continuar defendendo o reajuste mensal, trimestral e "gatilho" salarial em negociações diretas.
Ele espera, até junho, fechar acordos sobre um novo sistema de reajuste salarial diretamente com empresários.
Para Carlos Alberto Grana, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, ligado à CUT, a proposta de repassar só parte da inflação aos salários nas datas-bases é "um absurdo".
"Eles querem mais uma vez responsabilizar os salários pela inflação. O governo quer jogar nas costas do trabalhador a sua incompetência em administrar o Plano Real", disse Grana.
Ele disse que as empresas do ABCD, por exemplo, não repassaram aos preços a antecipação de 15,67% concedida aos metalúrgicos da região em novembro. A categoria tem data-base em abril.
Ele afirmou que o sindicato "brigaria até o fim" se a sugestão de Malan virasse lei.
A intenção do governo vai provocar forte reação dos sindicatos, principalmente porque a inflação deve se manter nos próximos meses em torno de 2,5%, disse o economista Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos).
"É uma estratégia do governo para chegar a desindexação total dos salários, mas os sindicatos com certeza vão correr atrás das perdas que virão", afirmou.

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