São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995
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Presidente descuida de marketing pessoal

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

FHC tem hoje três grandes problemas políticos para resolver: 1) melhorar a articulação do governo no Congresso; 2) unificar o discurso da equipe, principalmente dos parlamentares do PSDB, e 3) cuidar melhor do seu marketing pessoal e da imagem do governo.
Desses três problemas, dois estão sendo discutidos amplamente. Um deles, entretanto, estava até agora completamente esquecido: a política e estratégia de imagem. Veio à tona na segunda reunião ministerial, na sexta-feira.
O presidente ganhou a eleição em 3 de outubro e abandonou por completo a preocupação diária que tinha sobre sua imagem. Enquanto era candidato, FHC chegou a ser municiado até diariamente com pesquisas de opinião.
Agora são escassas as pesquisas que chegam às mãos do presidente. Para piorar, no Palácio do Planalto não há uma pessoa preocupada diariamente com o assunto.
FHC deu ao secretário de Comunicação Social, Roberto Muylaert, status de ministro. Mas instalou seu homem de comunicação a mil metros de seu gabinete.
Muylaert ocupa uma sala no prédio do extinto Ministério do Bem-Estar Social. Seu antecessor, Augusto Marzagão, assessorava Itamar Franco no próprio Palácio.
Esse distanciamento não é apenas físico. FHC não disse explicitamente a Muylaert que o desejava na coordenação de estratégias de imagem dele, presidente, e de seu governo. Pelo menos, essa é a versão corrente dentro do governo.
No episódio do Rio, quando há pouco mais de uma semana FHC foi hostilizado, a falta de discussão sobre o evento foi quase total. Muylaert não foi convidado para reuniões preparatórias da viagem.
Para o sociólogo e cientista político Antônio Lavareda, analista de pesquisas para FHC na campanha, os efeitos negativos resultantes do início do governo podem ser minimizados "com a exposição dos primeiros resultados".
Como ainda não há muitos resultados, FHC não estaria conseguindo transmitir à população suas intenções. Por extensão, acaba ficando vulnerável no Congresso.
Entre os especialistas em marketing, uma das explicações é que as iniciativas do governo na reforma acabam mal apresentadas.
Como a maioria das manifestações de rua são de oposição, a imagem estereotipada que fica é que a reforma pretendida pelo governo não é necessariamente a melhor opção para o país.
Nas ocasiões em que o governo vai apresentar suas realizações, é FHC quem dirige tudo. Foi assim no Rio. E também no Ceará. Tudo depende da intuição do presidente.

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