São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995 |
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Ministério quer privatizar acesso à Internet
ELVIRA LOBATO
O custo da chamada telefônica local é de R$ 0,0263 por pulso e não R$ 0,2 por minuto, conforme reportagem sobre a Internet na pág. 1-7 da edição de 27/3. Ministério quer privatizar acesso à Internet Faltando apenas um mês para a inauguração do sistema de acesso comercial à Internet, via Embratel, previsto para 1º de maio, o Ministério da Ciência e Tecnologia decidiu propor privatização do serviço. "Vamos entrar em choque frontal com a Embratel", afirmou em São Paulo o secretário de Política de Informática e Automação, Ivan Moura Campos. Segundo ele, o Ministério da Ciência e Tecnologia está disposto a transformar sua Rede Nacional de Pesquisa, de uso acadêmico, em um serviço "totalmente privado". Ivan Moura disse que o ministro Israel Vargas já levou a proposta de abertura dos serviços à iniciativa privada para discussão no governo. "Isto está sendo conversado, mas a nota destoante é a Embratel", afirmou. A proposta do ministério, diz Moura, é de que a prestação dos serviços de correio eletrônico, acesso remoto a computadores, acesso a bancos de dados e transferência de arquivos sejam prestados por empresas privadas para disseminar seu uso pelo país. "Queremos que os serviços cheguem a todos os municípios. Defendemos a capilaridade total", disse ele. Na avaliação de Moura, surgirão muitos interessados em alugar canais das companhias telefônicas ou da Embratel para levar a Internet até a casa dos usuários. Segundo o secretário de Política de Informática, a Rede Nacional de Pesquisa operada pelo ministério está presente em 22 Estados e todas as universidades, com centros de pesquisa ligados a ela. "Operamos com mais de 500 instituições e 50 mil usuários e sabemos do que estamos falando. Estamos dispostos a fazer a migração da Rede Nacional de Pesquisa para uma rede absolutamente privada", declarou. O secretário tornou pública a polêmica com a Embratel ao participar do encerramento do Quinto Congresso Internacional de Telecomunicações e Teleinformática, sexta-feira, no Expo Center Norte, em São Paulo. No auditório ao lado, um grupo de técnicos da Embratel fazia uma exposição sobre o sistema Internet, confirmando que o serviço entrará em operação no dia 1º de maio, com correio eletrônico, notícias, transferência de arquivos e acesso a bancos de dados, além do WWW (também chamado navegação hipermídia), que vai orientar os usuários a localizar as informações que desejam nos bancos de dados espalhados pelo mundo. Os técnicos não quiseram dar entrevista nem polemizar com o secretário. Limitaram-se a dizer que a Embratel segue orientação do Ministério das Comunicações e que empresas privadas poderão concorrer com a estatal na prestação do serviço. Segundo os técnicos, 20 mil pessoas já se cadastraram para ter acesso à Internet, através da Embratel, e mais 10 mil deverão se inscrever até a inauguração. Outro foco de divergência entre a Embratel e o Ministério da Ciência e Tecnologia é o custo da tarifa. A estatal só anunciará o preço do serviço no dia 15 de abril, mas a expectativa é de que fique em torno de R$ 20,00 por mês, mais o custo das chamadas telefônicas. Já está definido que, nas capitais, será cobrado o custo da tarifa telefônica local (R$ 0,2 por minuto), mas falta definir se os usuários do interior terão o mesmo tratamento ou pagarão o custo da chamada interurbana para a capital do Estado. A questão está em negociação com as companhias telefônicas. Segundo o secretário de Informática, o preço "realista" da tarifa seria R$ 50,00, mais o custo da tarifa telefônica local. Texto Anterior: FHC fez propostas que hoje desaprova Próximo Texto: Maciel defende privatização após reforma constitucional Índice |
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