São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995
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Política rural virá com reforma, diz Vieira

DA REPORTAGEM LOCAL

O futuro da política agrícola depende da estabilização da economia, que passa necessariamente pela reforma da Constituição.
A conclusão é do ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira.
"Até agora o que a agricultura tem vivido é a administração do orçamento pela boca do caixa. Isso inviabiliza a elaboração de qualquer política de longo prazo", afirma Andrade Vieira.
Com Roberto Rodrigues, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), deputado Alcides Modesto (PT-BA), presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, e José Eli da Veiga, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, o ministro discutiu "O Futuro da Agricultura no Brasil". O debate foi promovido pela Folha e ocorreu na última quarta-feira.
Para o ministro, a prioridade hoje é a reforma da Constituição. Com o reordenamento jurídico do país, diz ele, o setor agrícola vai ter novos critérios para elaboração do orçamento.
"Sem esse instrumento mágico, continuaremos vivendo em crise permanente", acrescenta.
Ele destaca também a importância da estabilização da economia, "batalha ainda não vencida", para a formulação da política agrícola.
Roberto Rodrigues, da SRB, concorda com Andrade Vieira."Não adianta ter uma Política de Garantia de Preços Mínimos, se a política macroeconômica não contempla a agricultura", afirma.
Para ele, mais importante do que discutir a prática de "dumping" (produtos subsidiados nos países de origem e que chegam aqui com preços mais competitivos), é ter uma política cambial afinada com a agricultura.
Além dos aspectos macroeconômicos, o presidente da SRB, ressalta a importância da questão ambiental para a agricultura.
"Toda a discussão de assuntos ligados ao comércio internacional dos produtos agrícolas está se processando pela via ambientalista."
José Eli da Veiga diz que a tendência nos países europeus importadores de commodities é a de valorizar os alimentos mais balanceados, que não tenham problemas de contaminação e cuja produção não contribua para a degradação ambiental. Para ele, a saída é conciliar as tendências com a propriedade familiar.

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