São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995
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Bovespa tem a 2ª maior queda acumulada do ano

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) registrou a segunda maior queda das Bolsas no mundo entre 16 de dezembro de 1994 a 22 de março de 1995.
A "campeã" foi a do México, país que implodiu no dia 18 de dezembro, e, em terceiro lugar, ficou a da Argentina.
Com a variação medida em dólar, a Bolsa mexicana recuou 55% no período; a brasileira, 35,6%; e a Argentina, 26%.
Sérgio Santa Maria, diretor de Reaserch do Banco de Boston, diz que "a Bolsa brasileira pagou um preço alto por ser mais líquida do que a Bolsa argentina".
Em outras palavras, a Bolsa brasileira possibilita mais facilmente do que a Argentina a transformação de ações em dinheiro.
Mesmo assim, ele afirma que os investidores estrangeiros não foram os responsáveis pela queda no Brasil. "Os investidores locais é que venderam."
Antes da crise mexicana prevalecia a expectativa de aumento do ingresso de investimento estrangeiro no Brasil.
Os chamados investidores locais, antecipando-se a este movimento, adquiriram ações, na esperança de ganhar dinheiro na venda aos estrangeiros. Mas o México quebrou, os estrangeiros não vieram, e as ações queimaram nas mãos dos locais.
A queda dos investimentos estrangeiros no chamado anexo 4 (que viabiliza o ingresso de recursos para as Bolsas brasileiras), de US$ 20,2 bilhões para US$ 15,3 bilhões, "é compatível com a queda", apenas refletindo o novo patamar de preços das ações.
Santa Maria diz que, a partir de agora, as Bolsas latino-americanas devem ficar mais "independentes" e agir menos em cadeia.
"Passamos para uma fase de ajuste fino. Agora, passa a importar as perspectivas de cada papel e de cada país individualmente."
O que significa que alguns papéis, especialmente os da chamada primeira linha, podem reagir —desde que não aconteça nenhum outro terremoto, como o que acompanhou a atabalhoada mudança das regras cambiais.
Santa Maria diz que o tamanho da queda foi diretamente proporcional à liquidez da ação. "Quem tinha liquidez, caiu mais". E completou: "Algumas ações estão com preços artificiais."
Não é por outra razão que a Sutepa PN, com valorização de 90,61%, lidera o ranking da Bolsa, seguida pela Beta PNA, com valorização de 75,27%.
Todas as ações consideradas coqueluches do mercado (porque poderiam atrair mais ao investidor estrangeiro) registraram uma perda em dólar maior do que a registrada pelo índice Bovespa.
Telebrás ON caiu 57,2%, Eletrobrás ON (-52,9%), Telebrás PN (-51,4%) e Petrobrás PN (-48,4%).
A segunda e a terceira maiores quedas são ações da mesma empresa, o Banespa, banco que está sob intervenção do Banco Central e no centro do conflito entre os governos estadual e federal. O papel ON caiu 60,24% e o PN, 59,4%.
LEIA MAIS sobre Bolsas na pág. 2-4

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