São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995 |
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De Palma enfrenta Tom Wolfe
INÁCIO ARAUJO
Wolfe via a futilidade yuppie através de um jovem que cai em desgraça. Brian DePalma vê, ao contrário, a futilidade desta literatura que leva a sério não só os yuppies como a si mesma. Tomou liberdades extremas em relação ao original, desprezou o drama do personagem central (McCoy/Tom Hanks, pretende ser um "mestre do universo", mas pega uma estrada errada em seu carro, cai num bairro negro e mata uma pessoa enquanto foge de supostos assaltantes) e transformou-o em comédia. Resultado: a crítica torceu o nariz, o público não compareceu. Talvez ambos tenham certa razão. Quando se adapta um livro, convém acreditar nele. Mas o filme tem também suas virtudes. A primeira delas é afirmar DePalma como um dos poucos cineastas americanos atuais capazes de peitar o público e a moda para fazer o que bem entende. A segunda é inspirar a caracterização de Tom Hanks no Tim Holt tolo e pretensioso de "Soberba" (de Orson Welles): reafirma assim sua rota, que consiste em isolar partes dos grandes trabalhos clássicos do cinema americano e reinterpretrá-las. Há, por fim, o talento natural do diretor, que aparece em diversos belos momentos do filme e compensa ao menos parcialmente o curto-circuito com o original. É um filme que parece feito para estar longe das pompas do Oscar, como, no mais, todo o cinema de DePalma. No mais, vale dar atenção a "Anjos Selvagens", filme de Roger Corman inédito em cinemas no Brasil e que inaugurou o gênero juventude rebelde. (IA) Texto Anterior: Novo 'talk show' pode estimular renovação Próximo Texto: Sheryl Crow teme o sucesso que conquistou Índice |
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