São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995
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Sheryl Crow teme o sucesso que conquistou

DANIELA ROCHA
ENVIADA ESPECIAL A ALBANY

Erramos: 23/11/95
O nome da cantora Joni Mitchell foi grafado incorretamente em texto publicado à pág. 5-12 ( Ilustrada) de 27/3.
Sheryl Crow é a menina do momento. Após se tornar a cantora revelação dos EUA e ganhar três Grammys com seu primeiro álbum, "Tuesday Night Music Club", ela tenta se equilibrar com tanto sucesso e diz não temer futuros fracassos. "As pessoas pensam que o sucesso veio rápido, mas toco em bares desde os 15 anos".
Em turnê desde o ano passado e preparando o próximo disco para maio, Crow diz que pensa vir ao Brasil no ano que vem. Este ano ainda vai ao Japão e Austrália.
Seu álbum mistura R&B, pop, jazz e rock. Ela se diz influenciada por Rolling Stones, Bob Dylan, Elton John e Johnny Mitchell. Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha.

Folha - Recentemente o jornal "The New York Times" criticou suas letras. Você lê tudo o que se publica a seu respeito?
Sheryl Crow - Não. Procuro não ler nada a meu respeito. Às vezes não resisto à curiosidade, principalmente quando são críticas do meu show. Quando meu disco saiu, houve muita crítica negativa. Depois vi que as pessoas gostam do meu trabalho e que as críticas não significam muito. É só uma opinião a mais. Prefiro me dedicar à música e não ligar para o resto.
Folha - Os personagens de suas letras são autobiográficos?
Crow - São personagens que invento, mas claro que eles são ligados a mim. Tento escrever letras inteligentes, como as de Elvis Costello. Mas eu acho que não tenho o mesmo dom e escrevo apenas histórias. Penso em um dia publicar um livro de contos.
Folha - Você está com tempo para escrever novas letras?
Crow - Estarei em turnê até agosto. Escrevo sempre, mas não sou craque em finalizar as coisas que começo "na estrada". Concentro-me nos shows e fico bastante cansada.
Folha - Você teme não ter tanto sucesso com o novo álbum?
Crow - Não. Eu erro muito e errar não é ruim. Acho que se não fizer tanto sucesso com o próximo disco descobrirei minha falha. Isso melhora minha percepção como artista. Temo muito mais o sucesso que o fracasso.
Folha - Para o MTV Unplugged você regravou quatro músicas pois não gostou da primeira versão. Você é perfeccionista?
Crow - Não. Acho que os momentos mais interessantes do meu disco são os que vieram de erros, e eles foram deixados ali. Gosto dos erros, eles às vezes são produtivos.
Crow - No acústico, a versão "All I Wanna Do" ficou bem diferente, chocando o público.
Crow - Não me importo em chocar o público. Acabei de fazer uma versão punk para "Strong Enough". Enquanto no disco a personagem que canta é emocional e forte, na versão ela é uma mulher irada. O importante é não sacrificar a música. Se for boa música, o que quer que se faça com ela fica bom, como Bob Dylan faz.
Folha - Você conhece algum cantor brasileiro?
Crow - Quando era garçonete em Los Angeles, ouvia um cantor chamado Sérgio Mendes e gostava bastante. Já ouvi também Djavan e Ivan Lins. Gosto muito desse tipo de música. Mas preciso ir ao Brasil para conhecer melhor sua música real. A pesquisa que David Byrne faz com ritmos, incluindo os do Brasil, é bem interessante.

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