São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
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Sarney cria megaestrutura de comunicação

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está montando uma megaestrutura de comunicação para divulgar as atividades da Casa.
O projeto foi comparado ao DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). O DIP controlava a comunicação oficial e exercia a censura à imprensa no governo Getúlio Vargas, durante o Estado Novo (1937-1945).
O carro-chefe do projeto de Sarney é o canal de TV a Cabo exclusivo do Senado, previsto pela lei 8.977, de janeiro de 95, e que deve ir ao ar em alguns meses.
O projeto inclui a criação de um jornal do Senado, programas diários de rádio e televisão na rede estatal Radiobrás e um serviço para fornecer noticiário de rádio às emissoras do interior pelo telefone (tipo "disque-Senado").
Outra coqueluche do esquema de comunicação do Senado é a ampliação do "Sistema Vip", pelo qual as sessões plenárias e debates de comissões podem ser vistas através de terminais de computador instalados nos gabinetes dos senadores.
Nos próximos meses (dependendo da conclusão da instalação da rede periférica de fibra ótica pela Telebrasília), as redações de jornal, rádio e televisão de Brasília terão acesso ao serviço.
Atualmente, 270 terminais já têm acesso ao sistema. Um deles funciona no gabinete do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Queremos aumentar a transparência do Senado e divulgar o que está sendo feito na Casa", afirma o secretário de Comunicação, Fernando César Mesquita, ex-porta-voz de Sarney quando presidente (1985-1990).
Os dois mil exemplares do "Jornal do Senado" começam a circular nos próximos dias. Já foram feitas duas edições experimentais. "Será uma miniatura de jornal, com fotos e notícias curtas sobre discursos, debates e projetos", diz Mesquita.
O jornal será distribuído diariamente aos senadores e assinantes do "Diário do Congresso": redações de jornal, rádio e televisão e órgãos públicos.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) teme que o "Jornal do Senado" possa "dar margem a fazer propaganda deste ou daquele partido ou senador". Ele aprova o canal de TV a Cabo, que vai informar a sociedade e "dar mais responsabilidade" aos senadores.
O líder do PMDB, Jáder Barbalho (PA), gostou do projeto de Sarney, mas avisa: "Não admito que o esquema seja usado como autopropaganda do Senado".
Também já está funcionando o "Senado em linha direta". Pelo telefone, emissoras de rádio de qualquer lugar do país podem ter acesso a notícias gravadas pela central de jornalismo do Senado e repassá-las aos seus ouvintes.

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