São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995 |
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ACM volta à tribuna do Senado e faz críticas ao Poder Judiciário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) voltou ontem à tribuna para fazer novas denúncias de nepotismo (contratação de parentes), lentidão e corrupção supostamente praticados pelo Poder Judiciário.ACM carregou debaixo do braço várias pastas contendo, segundo ele, exemplos de "fatos graves do Judiciário brasileiro". Ao final do discurso, não divulgou os documentos -as pastas ficaram com a Secretaria da Mesa do Senado. O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Octávio Gallotti, disse, minutos depois do discurso, que não iria se manifestar enquanto não conhecesse integralmente a fala do senador. No dia 15 de março, ACM fez seu primeiro discurso no Senado criticando o Judiciário, inclusive o STF. Naquele dia, citou nominalmente o ministro do STF José Neri da Silveira. Ontem, enquanto discursava, exibiu para o plenário documentos para mostrar, segundo ele, que o ministro "não é ágil". Era um habeas corpus (número 68.750-4-DF), cujo mérito não foi revelado por ACM, relatado por Néri da Silveira e julgado em 27 de agosto de 1991. Habeas corpus é uma medida judicial usada para garantir a liberdade de alguém. Até o dia do primeiro discurso do senador, a decisão, chamada de acórdão, não havia sido publicada no "Diário da Justiça". Isso só ocorreu em 17 de março, dois dias após o discurso de ACM, segundo o próprio senador, que voltou a defender uma reforma do Judiciário. Outro ministro do STF foi acusado de lentidão: Sepúlveda Pertence. O caso citado é o de uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) proposta no STF contra o decreto número 177, da Presidência da República, de 1991 -cujo mérito também não foi divulgado por ACM. Segundo o senador, a Adin foi levada a julgamento em 13 de fevereiro de 1992 e Pertence teria pedido para analisar melhor o processo ("pedido de vistas"). "Já completou três anos o pedido de vistas. Isso geralmente leva uma sessão ou até um mês. Três anos já é demais", disse. ACM disse que seu primeiro discurso repercutiu no país todo e que recebeu "mais de 600 mensagens" com denúncias contra o Judiciário. Citou um caso de processo de inventário (partilha de herança) de um ex-comerciante de Brasília, que vem se arrastando há 22 anos, e de um juiz do Rio Grande de Sul acusado de peculato. O crime, sem julgamento, prescreveu (passou o tempo de punição). Peculato é o crime praticado por funcionário público que usa o cargo para se apropriar de bens públicos ou privados ou desviá-los em proveito próprio ou alheio. Ele não citou o nome do comerciante morto nem do juiz acusado de peculato. Texto Anterior: ECT e Telebrás lideram irregularidades Próximo Texto: Câmara quer distribuir propaganda na programação de rádio e TV Índice |
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