São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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Empresário lança livro sobre a Coca-Cola

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Um ano depois de vender a Rio de Janeiro Refrescos S/A -engarrafadora da Coca-Cola que abastece o mercado do Rio- para um grupo chileno, o empresário Antonio Carlos Vidigal, 49, lança um livro sobre o período de sete anos em que presidiu a empresa.
Em "Emoção prá valer, os bastidores de uma franquia", Vidigal -vice-presidente do grupo Confab- conta as negociações para a compra da empresa em 1987, por US$ 57 milhões.
Vidigal diz que o patrimônio da empresa foi superavaliado nas negociações pela Coca-Cola Indústrias Ltda. (filial da empresa norte-americana no Brasil). Ele diz ter pago pelo menos US$ 10 milhões a mais pelas duas fábricas -uma em Bonsuceso (zona norte do Rio) e outra em Bangu (zona oeste).
As previsões de lucro apresentadas pela vendedora também teriam sido aumentadas para que o negócio fosse fechado.
"Quando se faz negócio com uma empresa de primeira linha, como a Coca-Cola, presume-se que haja boa fé. Não se fica conferindo todos os itens", diz.
Também há um capítulo dedicado às negociações feitas em 1989 para reajustes de preços dos refrigerantes, que na época eram controlados pelo Conselho Interministerial de Preços, da Secretaria de Abastecimento e Preços (Seap).
Vidigal diz que o setor de refrigerantes não conseguia ter aumentos. "Houve um incidente com intermediários do CIP, que queriam receber alguma coisa para liberar os preços", conta Vidigal, sem citar o nome dos intermediários. Na época ele presidia a associação das indústrias de refrigerantes.
Outro capítulo do livro conta sobre um jantar em que participou na casa do empresário Arthur Sendas. No jantar estava Zélia Cardoso de Mello, que havia deixado o ministério da Fazenda poucos dias antes e informou que pretendia criar o Instituto Brasil.
Vidigal conta que, ao fim do jantar, Zélia pediu que cada um dos empresários presentes deixasse seu endereço e telefone. Pouco tempo depois, o empresário foi procurado por Edgard Pereira, que havia feito parte da equipe de Zélia no ministério. No telefonema, segundo Vidigal, Pereira pediu uma contribuição de US$ 10 mil para o instituto.
Antonio Carlos Vidigal lança seu livro hoje, em São Paulo, na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, às 20h. Na terça-feira, o livro será lançado na livraria Timbre (na Gávea, zona sul do Rio).

"Quando, em 1992, vieram nos falar que pretendiam nos tirar a linha de latas, não entendemos nada.
Em teoria, fazia sentido. Mas e nossos direitos? Eles respondiam que nosso contrato não nos dava sobre latas os mesmos direitos que sobre garrafas.
Examinamos o assunto e vimos que, do ponto de vista jurídico, não podíamos fazer nada. Era uma questão de negociar."

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