São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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PORRADA DE VAN DAMME

CÉLIA ALMUDENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fanáticos pelo videogame "Street Fighter" não perdem por esperar.
Depois de oito anos de sucesso em consoles domésticos e arcades (máquinas profissionais de fliperama) o jogo "Street Fighter - 2" chega com seu festival de pancadas ao cinema e ganha um nova versão de game, a sétima.
Está previsto para o final deste mês o lançamento do filme "Street Fighter - A Última Batalha". Na mesma época, chega às casas de diversões eletrônicas o jogo "Street Fighter Movie", baseado na versão cinematográfica.
"Talvez o filme decepcione o público a que o jogo se destina. Tem muito mais a ver com garotos até 12 anos. O garoto que joga mesmo, com mais de 14 anos, vai ficar meio decepcionado, justamente pela falta de violência do filme, o que eu acho ótimo", diz o cineasta Carlos Reichenbach, 49, diretor de "Alma Corsária" e "Anjos do Arrabalde".
"Achei o filme um barato. Quem gosta do game vai adorar o filme", contradiz Luis Ronaldo Leite Reichenbach, 14, filho do cineasta. Pai e filho acompanharam o lançamento do jogo e assistiram uma pré-estréia do filme a convite da Folha.
Para Luis, o filme ficou muito legal. "A história do filme tem tudo a ver com a do game. Mas o filme ficou meio estranho já que eles começaram a relacionar todos os personagens uns com os outros e, por exemplo, apareceu um cara como jornalista que no jogo vende peixe", diz Luis.
Jean-Claude Van Damme assume a personalidade do comandante William F. Guile, que tem a missão de resgatar 63 membros das Nações Aliadas que estão mantidos como reféns do vilão general M. Bison, o último papel interpretado por Raul Julia.
"Curiosamente, o que é brilhante neste filme é o Raul Julia. O filme é dele. Inclusive ele está com um humor só comparável ao trabalho do Jack Nicholson no "Batman". Ele carrega o filme nas costas", diz Carlos.
Além de Guile e Bison, os outros personagens do game (Chun-li, Cammy, Ken, Ryu etc.) também aparecem no filme. A transformação do game em filme foi tão perfeita que acabou rendendo um novo game, "Street Fighter Movie".
As imagens dos atores do filme foram digitalizadas e colocadas no game.
"O novo jogo é muito perfeito, muito legal mesmo, muito mais legal que o game velho já que é uma mistura de 'Mortal Kombat' com o 'Street Fighter - 2'. Os cenários e os personagens ficaram muito legais", diz Luis que experimentou o jogo em um arcade.
"Esse filme já é um referencial, um aperitivo do que vai vir daqui para a frente. Acredito que em cinco em seis anos a peça de resistência do espetáculo cinematográfico vai ser esse envolvimento entre o game e o cinema", diz Carlos.

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"Não vi sangue no filme. O game é mais violento que o filme. Vou recomendá-lo para quem gosta do game e o game eu vou recomendar para todo mundo porque é muito legal. A trilha sonora também é bem legal, se encaixa direitinho, com um som pesado durante o festival de porrada."
(De Luis Ronaldo Leite Reichenbach, 14.)

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"O jogo é muito mais violento do que o filme. Principalmente pelo fato de que no filme a violência é toda estilizada, não tem sangue. Ele está mais próximo dos filmes de Flash Gordon e outros seriados da década de 40, e traz uma certa pitada de James Bond."
(De Carlos Reichenbach, 49, cineasta, diretor de "Alma Corsária" e Anjos do Arrabalde".)

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