São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
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Poeta elogia agilidade e recursos dos computadores na arte

AUGUSTO DE CAMPOS
ESPECIAL PARA O "WORLD MEDIA"

Minha experiência de poeta está intimamente ligada ao movimento internacional da poesia concreta, que, a partir da década de 50, revigorou o interesse pela poéticas visuais postas em prática pelas vanguardas do início do século e as radicalizou num projeto de síntese construtivista. Somente cerca de 30 anos depois, no entanto, já na década de 80, com o vertiginoso desenvolvimento da informática, pude ter acesso aos recursos dos computadores, que vieram a se revelar, para mim, congeniais a esse tipo de proposta criativa.
Por enfatizar a estrutura gráfica dos vocábulos e sua distribuição plástica na superfície do suporte (papel ou outros) a poesia concreta encontraria no computador um campo de manobra extremamente ágil e compatível. Não só variedades de fontes tipográficas, mas formas, cores, imagens e a possibilidade de combinar todos esses elementos e ainda animá-los com movimento e interagir com outras modalidades de arte.
Já em 1984 eu pude realizar um primeiro trabalho de animação gráfica em um computador de alta resolução da Intergraph, empresa norte-americana que atuava em São Paulo na área de produção de desenhos arquitetônicos: o clip-poema "Pulsar", musicado por Caetano Veloso. A partir de 1992, já munido de um Macintosh pessoal, passei a compor meus poemas diretamente no computador. Entre outras inúmeras facilidades para o processamento de textos e imagens, o computador coloca ao alcance de um toque dos dedos instrumentos como "cut", "copy" e "paste", que constituem para o artista, em última análise, a projeção de um artefato básico da modernidade, a collage, assim como a justaposição ou sobreposição de imagens (facilmente introduzidas por "scanners"), que remetem ao processo da montagem cinematográfica.
Além de participar de outros projetos de animação gráfica, venho aplicando recursos computadorizados em todos os meus livros mais recentes. Este é o caso de Rimbaud Livre (Ed. Perspectiva, São Paulo, 1992), volume de traduções de poemas de Rimbaud.

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