São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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Quanto custa o Metrô?

CARLOS ZARATTINI

Quando discutimos o transporte na região metropolitana de São Paulo temos que pensar em certas magnitudes como: 14 milhões de habitantes, 20 milhões de viagens motorizadas por dia útil -55% delas por transporte coletivo.
Quase 60% dos que utilizam ônibus, ferrovia ou metrô gastam mais de 90 minutos diários nos deslocamentos, equivalente a dez dias perdidos por ano!
O governo de São Paulo adotou como meta o fim do subsídio ao Metrô até junho de 95.
Vale dizer que em 94 a tarifa cobriu 88% dos custos operacionais e o bilhete unitário representa, para quem ganha salário mínimo, 40% da despesa mensal -um custo altíssimo para a nossa população.
Em razão disso, existem bilhetes com descontos que beneficiaram 39% dos usuários, ou gratuitos, para 7,5% deles, ou de integração, com algum tipo de redução, para 14%.
É claro que o equilíbrio entre custo e receita não pode se dar pelo aumento da tarifa ou redução do desconto. O governo pretende, ao que parece, que isso ocorra pela redução de "custos", entre eles mão-de-obra.
Todos concordamos que sejam extintos contratos superfaturados da gestão Fleury, desperdícios com propaganda, funcionários-fantasmas e que sejam rediscutidas concessões problemáticas, como a do terminal Tietê.
Não se pode concordar é com cortes de pessoal na área operacional, responsável por um serviço aprovado por mais de 90% dos usuários. Ou nas áreas de projeto e expansão que detêm uma tecnologia de ponta, reconhecida internacionalmente, cobiçada por empresas privadas que esperam obter graciosamente aquilo que foi investimento público. E até mesmo na área administrativa, que dá suporte para que tudo funcione.
Eliminar subsídios significa sacrificar a qualidade da operação ou abrir mão de equipes capazes de promover a expansão das linhas, cuja necessidade é inadiável. De todos os metrôs do mundo, os únicos que conseguem cobrir mais de 90% de suas receitas operacionais são os do Japão, Hong Kong e Cingapura, com tarifas de até US$ 3, muita publicidade e comercialização de espaços.
O caminho, isso sim, é o da expansão das linhas com uma política corajosa de parceria com o município e busca de novas formas de financiamento que extraiam recursos de quem se beneficia com o investimento público. É o da parceria com a iniciativa privada para exploração de áreas comerciais através de contratos transparentes e favoráveis ao setor público.
O caminho tem de ser o do aumento dos usuários com o término das obras paradas e ampliação dos horários de atendimento da linha Paulista.

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