São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995 |
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Contenção de importações é breve, diz FHC
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Ele almoçou com 20 banqueiros e dirigentes de indústrias com interesses no Brasil. "Aqui estavam representantes de algumas empresas que foram até afetadas. Mas todos disseram que o Brasil tem que cuidar de seu interesse". Segundo FHC, os empresários aceitaram "com muita naturalidade" suas explicações de que a elevação das alíquotas "não altera a direção geral da economia brasileira, que vai no caminho da integração." Ele diz ter lembrado que, se algumas alíquotas subiram, outras foram diminuídas e que não há dúvidas sobre o compromisso de seu governo com a abertura do mercado brasileiro à concorrência internacional. Embora não tenha feito um discurso formal, FHC falou durante cerca de dez minutos sobre a situação política e econômica do Brasil e depois respondeu a algumas perguntas. Sua frase de maior efeito foi a de que a diferença entre ele e Clinton é que o presidente americano tem a maioria do Congresso organizada contra si e ele (FHC) tem a maioria do Congresso desorganizada a seu favor. Apesar da brincadeira, o presidente disse que a aprovação da Lei de Patentes pelo Congresso é "apenas uma questão de tempo, porque não há resistências significativas contra ela na sociedade". Disse também que as reformas constitucionais levam tempo, passam por um "processo de amadurecimento". Elogiou o papel social da imprensa no Brasil: "Alguns acham que ela é livre demais, mas eu não concordo, porque é a imprensa livre quem assegura o controle da sociedade sobre o governo". Respondendo a perguntas sobre a elevação das alíquotas, afirmou que foi uma medida "que tinha que ser tomada", mas que a balança comercial brasileira não deve suscitar preocupações, porque, "se as importações cresceram, as exportações também". Entre os empresários presentes estavam dirigentes da Colgate, Phillip Morris, Goldman Sachs, J. P. Morgan, Baners Trust, Lehman Brothers, Salomon Brothers, Zeneca, Dupont e CS First Boston, além do Citibank e da Ford, que patrocinaram o almoço. Entrevistas Valenti afirmou ter levantado com FHC a possibilidade de co-produções cinematográficas entre cineastas dos EUA e do Brasil. Quando chegou ao Hotel Waldorf Astoria Towers, às 2h de ontem (3h em Brasília), o presidente disse que esperava construir em sua viagem "relações mais maduras" com os EUA. "Por mais maduras, entendo relações em que o Brasil não pede nada, só negocia seus objetivos", definiu FHC. À Radiobrás, o presidente disse que as relações entre Brasil e EUA são "tranquilas" e que ele espera aumentos de investimentos norte-americanos no país este ano e em 1996: "Os americanos sabem que, no Brasil, investindo, dá". ONU O Brasil quer que a Organização das Nações Unidas dedique mais de seus esforços na promoção do desenvolvimento. O secretário-geral da ONU, Boutros-Boutros Ghali, concorda. O presidente Fernando Henrique Cardoso e Boutros Ghali conversaram durante cerca de 30 minutos na sede da ONU sobre problemas da entidade e suas perspectivas para o futuro. FHC falou sobre a reforma da Carta da ONU e a necessidade de ajustes, em especial na composição do Conselho de Segurança, para torná-lo mais representativo da distribuição do poder no mundo após a Guerra Fria. O Brasil defende a tese de que o Conselho de Segurança, órgão de maior importância política da ONU, amplie o número de seus membros permanentes dos atuais cinco para dez e que ele seja um dos novos integrantes. Texto Anterior: Assessor de Tasso nega pressão Próximo Texto: Presidente se adianta a críticas Índice |
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