São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Maciel reforça troca fisiológica no 2º dia

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente interino Marco Maciel determinou ontem a suspensão da reforma administrativa da Caixa Econômica Federal. A mudança reduziria o número de cargos disputados por políticos nos Estados.
O presidente da Caixa, Sérgio Cutolo, foi surpreendido de manhã por um telefonema do presidente interino: "Está dando muito ruído", ponderou Marco Maciel, preocupado com a reação dos políticos aliados, aborrecidos com o projeto de "enxugamento" da Caixa.
O programa suspenso por Maciel havia sido aprovado por Fernando Henrique Cardoso e pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, que acompanha o presidente em viagem aos Estados Unidos.
"Tudo o que eu faço é com a aprovação do ministro. Ele confia no que eu faço", disse Sérgio Cutolo à Folha. O primeiro passo da reforma foi dado na quarta-feira passada, com a fusão das três superintendências da Caixa existentes em São Paulo.
Depois do telefonema de Maciel, o presidente da Caixa foi ao Congresso tentar acalmar os aliados do governo. Sérgio Cutolo passou duas horas no gabinete do presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Luís Eduardo repetiu os argumentos de Maciel: "O ruído é muito forte e é preciso explicar". Cutolo ouviu queixas de parlamentares dos três maiores partidos governistas: PMDB, PFL e PSDB.
A bancada de Pernambuco, Estado de Maciel, compareceu em peso à reunião com Cutolo. "Não será fácil esse negócio ir adiante", concluiu o deputado José Jorge (PFL), que coordena o preenchimento de cargos em Pernambuco.
O projeto de reforma prevê a extinção gradativa das superintendências estaduais da Caixa. Nas regiões Nordeste e Norte, por exemplo, haveria apenas duas coordenações.
Uma delas funcionaria na Fortaleza (CE) do tucano Tasso Jereissati, amigo e confidente de Fernando Henrique. A outra seria instalada na Salvador (BA) de Antônio Carlos Magalhães, um dos caciques do PFL.
Sérgio Cutolo atribuiu a reação das bancadas governistas ao fisiologismo, combinado à pressão dos sindicatos. "Os cargos de influência política são reduzidos, mas o objetivo é dar maior racionalidade à estrutura".
Ele afirmou que a meta da reforma administrativa é aproximar o modelo de funcionamento da Caixa da operação dos bancos privados. "A minha intenção é mostrar a necessidade de mudança e tocar a reforma", disse.
Ouvido pela Folha, o presidente interino Marco Maciel confirmou a ordem para suspender a reforma na Caixa.
Por intermédio de sua assessoria de imprensa, Maciel disse ter pedido a Sérgio Cutolo que sustasse as mudanças por duas razões: quer que o programa seja submetido a FHC e quer aguardar a volta ao Brasil do ministro da Fazenda, Pedro Malan, que está nos EUA.

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