São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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Grande SP tem 16º chacina do ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Três adolescentes foram assassinados na madrugada de ontem dentro de sua casa em Franco da Rocha (Grande São Paulo). Essa foi a 16ª chacina ocorrida na região este ano.
Os gêmeos Débora e Samuel Silva Moura, 14, e Pedro Silva Moura, 17, foram mortos com vários tiros, às 2h, por quatro homens encapuzados.
Segundo a polícia, o grupo teria ido cobrar uma dívida de crack do cunhado dos mortos, conhecido como José Adélson.
Cinco pessoas sobreviveram à chacina: os irmãos David, 20, Levi, 18, e Miriam, 24, seu marido e um bebê de nove meses. Davi foi o único que viu os homens saindo de sua casa após a chacina. Em depoimento à polícia, ele disse que ouviu um deles gritar: "se não paga, a gente vem cobrar".
Segundo ele, há três dias, pessoas envolvidas com tráfico de drogas procuraram Adélson no local, mas ele tinha viajado havia um mês para Santa Catarina com sua mulher Estér.
A casa onde ocorreu a chacina fica em um morro e tem três pavimentos. Na parte de baixo estavam Miriam, seu marido e o bebê. No andar do meio, Débora, Samuel e Pedro, enquanto Davi e Levi dormiam no pavimento superior.
Os homens invadiram apenas o segundo andar. Eles arrombaram a porta com rajadas de tiros. Na cozinha, encontraram os gêmeos. Débora ainda tentou se esconder atrás da geladeira mas foi atingida no peito e na cabeça.
Pedro, que estava no quarto, teria tentado se esconder embaixo da cama, mas foi puxado pelo pé e assassinado.
O pai dos adolescentes, o garçom Severino Gomes Moura, 53, estava trabalhando na hora do crime. "Fiquei chocado quando vi meus filhos caídos e não podia fazer nada, mas chorei mais quando vi os que ficaram e presenciaram tudo sozinhos", disse.
A mãe, Vanda Emília, é separada do marido há 12 anos e mora em Santa Catarina.
A polícia recolheu 35 cápsulas de balas na casa. A delegada Isabel Cristina Ferraz afirmou que o grupo teria atirado em um carro da polícia 20 minutos após o crime.
"Eles escaparam por causa da neblina", disse. Segundo ela, nenhum dos adolescentes tinha passagem pelo SOS Criança.

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