São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Favela faz festival de rap antiviolência

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Em vez de tiroteio, moradores da favela Vila do João, em Bonsucesso (zona norte), pararam sábado para ouvir a música de protesto dos rappers.
Apesar de o forte teor de denúncia social das letras, os 24 grupos de rap que participaram do 1º Festival Voz Ativa queriam celebrar a paz e valorizar a auto-estima do favelado. "Acabaram com a auto-estima do favelado. E sem auto-estima, ele faz qualquer coisa", disse Fernando Xhackal, 24, um dos organizadores do festival e integrante do grupo Retrato Social.
O festival de rap -música originada das comunidades negras das periferias das grandes norte-americanas- teve como um dos objetivos ajudar no desenvolvimento da "consciência da negritude" numa comunidade carente e discutir a violência do dia-a-dia.
Moradora da favela, Regina Nascimento, 26, adorou o festival. "É legal as pessoas saberem que aqui dentro também existe espaço pra música, pra cultura."
O 1º Voz Ativa -que reuniu grupos como o Justiça Negra, Olho Negro, Puramente Negra, Expressão Ativa e Ultimato- foi gravado pela produtora TV Zero, que está coletando material sobre movimentos culturais da periferia.
Com apoio da prefeitura e da Casa da Paz -centro cultural da favela de Vigário Geral-, o festival deverá ter desdobramentos.
O diretor da Casa da Paz, Manoel Ribeiro, afirmou que o prefeito do Rio, César Maia (PMDB), comprometeu-se a apoiar a promoção de mais nove festivais até o final do ano. Esses festivais deverão ser realizados em diferentes comunidades carentes.
Os concursos, diz Ribeiro, serviram para que os rappers fizessem uma crônica do dia-a-dia das favelas, discutindo temas como violência e consciência de cidadania.

Texto Anterior: Crime atinge mais jovens
Próximo Texto: 70% de operários têm dano auditivo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.