São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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Martin sabe onde tem o nariz

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

No fim de "L.A. Story" (1991), filme em que foi roteirista e produtor executivo, além de ator principal, Steve Martin quase implora uma chance para dirigir.
E por que não? Quatro quintos da carreira desse comediante é composta de filmes arrancados ao nada (ou ao quase nada) por seu talento. "Roxanne" (Globo, 1h30) não chega a ser inesquecível, nem mesmo dispensável, mas está acima da média dos trabalhos feitos por ele.
O próprio Martin foi roteirista desta versão moderna e com ares de comédia do "Cyrano de Bergerac", de Edmond Rostand. Ele faz o bombeiro simpático que se apaixona pela bela Daryl Hannah, mas, em função de seu nariz despropositadamente grande, não consegue lhe declarar seu amor.
O interesse da história reside, em grande parte, no fato de todo mundo ter um nariz assim. Ou qualquer outra parte do corpo: um sinal da própria fraqueza, enfim.
Embora o australiano Fred Schepisi tenha dado um encaminhamento digno ao filme, hoje fica no ar a analogia entre o bombeiro e Martin: assim como um não consegue chegar em Roxanne, o segundo não chega à direção.
No caso de "Roxanne", a situação parece um tanto despropositada ao espectador. No de Martin em pessoa ela é descabida pelo menos para os fãs do comediante. Basta ver suas interpretações. Não é apenas um ator, é alguém que pensa a comédia. Tem todas as condições para levar adiante uma obra pessoal.
(IA)

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